Título: Aumenta demanda para álcool para fins industriais
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 21/09/2005, Agronegócios, p. B12

As indústrias petroquímicas começam a voltar suas atenções para o setor sucroalcooleiro interessadas no álcool para a produção de etileno. Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), o álcool é um substituto mais barato que a nafta para a produção dessa matéria-prima. "Essas indústrias voltaram a cogitar o álcool como alternativa aos derivados de petróleo", disse Rodrigues, que participou ontem do seminário da consultoria Datagro sobre perspectivas futuras para o setor sucroalcooleiro. O álcool para a produção de etileno é classificado como hidratado para outros fins e é utilizado em larga escala pelas indústrias de bebidas, químicas e farmacêuticas. No Brasil, o consumo deste tipo de álcool é de cerca de 1 bilhão de litros por ano. Durante a década de 80, essas indústrias consumiram cerca de 500 milhões de litros por ano destinados para a produção de etileno. Se as indústrias voltarem a consumir o álcool em substituição ao nafta, a demanda extra está estimada em 1 bilhão de litros, segundo Rodrigues. Mas ainda não há contratos fechados entre essas indústrias e as usinas. As usinas brasileiras são exportadoras de álcool hidratado para outros fins, sobretudo para Coréia do Sul e Japão. Com o crescimento da demanda para o álcool combustível, o setor tem concentrados seus investimentos para a produção com esse fim. "Mas temos que considerar os investimentos em novos produtos derivados do açúcar e do álcool", disse Pedro Mizutani, diretor do grupo Cosan. Rodrigues disse que os investimentos atuais - com a construção de 41novas usinas - indica que a produção nacional de cana poderá alcançar 560 milhões de toneladas em 2010/11, ante os cerca de 400 milhões de toneladas atuais. Segundo ele, há demanda internacional para toda essa produção, mas é mais provável que a oferta fique em torno de 510 milhões de toneladas no período. Para Plínio Nastari, presidente da Datagro, o potencial mercado para álcool nos mercados doméstico e internacional justifica esses investimentos e a própria demanda. A Datagro prevê que as exportações brasileiras de álcool neste ano fiquem em 2,6 bilhões de litros, o mesmo volume embarcado na safra passada. Para 2006/07, as projeções são de que os embarques cresçam 7,7%, para 2,8 bilhões de litros. Contrariando as perspectivas iniciais, os Estados Unidos continuarão com forte interesse no álcool brasileiro por conta dos recentes aumentos do petróleo. As cotações da gasolina nos EUA estão entre US$ 1,80 e US$ 2 o galão. "Com esses preços, os embarques diretos com tarifa de US$ 0,54 centavos compensam", disse Nastari.