Título: Para Cesar Maia, aliança PFL-PSDB é orgânica
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2005, Política, p. A8

Crise Prefeito do Rio volta a defender abertura de processo de impeachment contra o presidente Lula

O apoio do PSDB ao candidato pefelista à presidência da Câmara, José Thomaz Nonô (AL), já faz efeito. Ontem, em uma reunião dos prefeitos do partido da região Sudeste, o pré-candidato da sigla à Presidência da República, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, admitiu que sua candidatura até o momento não é competitiva e que existe uma "convergência orgânica" do PFL para o PSDB. O prefeito demonstrou ainda que a gestão de Nonô como presidente da Câmara pode radicalizar o quadro político. Cesar Maia voltou a falar ontem na possibilidade de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O novo elemento, segundo o prefeito, seria a entrevista do deputado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), em que este afirma que o presidente tinha responsabilidade sobre os acordos firmados com os partidos aliados. "Se o chefe de gabinete do presidente atesta que havia ilegalidade, que o presidente sabia e era parte deste processo, como não caminhar para um processo de impedimento?", indagou. Cabe ao presidente da Câmara dar seguimento ou não a pedidos de impeachment contra o presidente. Ao falar da aproximação com o PSDB, Maia afirmou que o partido dará um prazo até março para testar a viabilidade ou não de sua candidatura, que está em quarto lugar nas pesquisas, empatado com Heloísa Helena (PSol). "Depois disso, o PSDB é um caminho natural", afirmou. O prefeito afirmou que tem a mesma visão sobre a conjuntura econômica do país do prefeito de São Paulo e presidenciável tucano José Serra. De acordo com Cesar Maia, ele e Serra concordam nas críticas ao nível da atual taxa de câmbio, que favoreceria os credores externos do país e prejudicaria o setor exportador. O prefeito carioca não disse o mesmo sobre o governador paulista, Geraldo Alckmin, outro presidenciável. "Nunca conversei sobre economia com ele. Quando Alckmin me convidar para conversar, terei prazer", disse. Pertencem ao PFL tanto o vice-governador paulista, Claudio Lembo, quanto o vice-prefeito paulistano, Gilberto Kassab. Caso Alckmin tente o Senado e Serra a Presidência, o PFL assumiria o governo do Estado e da cidade de São Paulo. Se ainda conseguir a presidência da Câmara em um ano eleitoral, mantendo Lula acuado por um processo de impeachment, estaria extremamente fortalecido para negociar sua atuação na sucessão. Segundo os pefelistas reunidos ontem, o partido teria poder de fogo suficiente para bancar uma candidatura própria ao governo estadual, que a sigla jamais se atreveu a disputar. Circulando pelo evento de ontem como pré-candidato, estava o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que foi candidato a presidente da República em 1989, mas que se afastou da vida eleitoral no ano seguinte. "O PSDB tem candidato a presidente. O PFL tem candidato a governador. A crise do governo federal empurra um para o outro é a composição vai ser muito fácil. Se o PSDB não nos apoiar no Estado no primeiro turno, vai conosco no segundo turno", apostou o deputado federal Luiz Carlos Santos (PFL-SP). A possibilidade de o PSDB apoiar o PFL na eleição estadual é muito remota. Disputam a candidatura tucana, com o apoio de Alckmin, seus secretários Arnaldo Madeira (Casa Civil) e Emanuel Fernandes (Habitação). Com o apoio de Serra, o secretário de Governo Aloysio Nunes Ferreira Filho. Equilibrando-se entre os dois, o ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, e o vereador José Aníbal.