Título: BNDES pretende financiar 7% da expansão da Petrobras até 2010
Autor: Vera Saavedra Durão e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2005, Brasil, p. A2

A área de infra-estrutura do BNDES já destinou R$ 9,5 bilhões para financiar empreendimentos dentro do Plano Estratégico da Petrobras até 2010, adiantou ao Valor o superintendente da área de infra-estrutura do BNDES, João Cavalcanti. Nesse total se enquadram projetos que o banco já está financiando e aqueles que pretende financiar. Esse volume de recursos equivale a 7,0% dos R$ 134,7 bilhões de investimentos previstos no plano estratégico da companhia no período. A participação do banco envolve projetos de petróleo e gás, de logística e de exportação. Não há ainda previsões de recursos para projetos petroquímicos. A maior fatia do total dos recursos do BNDES, de R$ 6 bilhões, é destinada ao financiamento de cinco plataformas de produção e armazenamento e aos 22 navios petroleiros da Transpetro, em fase de licitação. A subsidiária de transportes da estatal vai contar com linha de crédito de R$ 2,763 bilhões para emprestar aos estaleiros vencedores da concorrência para construção dos petroleiros. No caso das cinco plataformas, três já estão recebendo recursos. Para a plataforma P-51 foram aprovados R$ 961 milhões, e para a P-52, R$ 905 milhões. A P-54, ainda em projeto, vai dispor de R$ 645 milhões. Serão destinados R$ 731 milhões para as plataformas P-55 e P-57, ainda não licitadas. A área de gás e energia vai receber o segundo maior volume de recursos do banco, R$ 2,675 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão será destinado ao gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene). A previsão da Petrobras era construir o Gasene em três trechos - Cabiúnas (RJ) a Vitória (ES), Vitória-Cacimbas (ES), e Cacimbas (ES)-Catu (BA). Desses, apenas o trecho Cacimbas-Vitória está em andamento. Para os demais ela abriu concorrência internacional, já que o orçamento inicial "estourou" em mais de US$ 1 bilhão. Além do BNDES, a estatal tem promessa de financiamento do China Eximbank para o Gasene. Como o projeto do Gasene está sendo reformulado, está em andamento a expansão de duas malhas de gasodutos, que depois vão se juntar ao Gasene. O banco vai financiar com R$ 675 milhões o projeto Malhas II, que ampliará a rede de gasodutos existentes no Nordeste e Sudeste. Para o gasoduto Urucu-Coari-Manaus, que depende de licenciamento ambiental, está reservado R$ 1 bilhão. O gasoduto de Urucu-Coari-Manaus vai levar gás para Manaus. Com ele, a região amazônica, que não está integrada ao sistema elétrico interligado, poderá usar gás como combustível de suas térmicas, que hoje usam óleo combustível e óleo diesel. Cavalcanti também lembrou que a Eletrobrás, está tentando viabilizar a construção de uma térmica a gás em Manaus. O banco também está financiando com R$ 880 milhões a obra de conversão e adaptação da refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, na qual a Petrobras tem como sócia a espanhola Repsol. Depois das obras, a Refap vai aumentar a capacidade de produção de derivados - de 126 mil barris de petróleo/dia para 189 mil barris/dia - e ampliar de 20% para 75% a participação do petróleo pesado nacional na carga processada. No total, as obras na Refap estão orçadas em US$ 1 bilhão. Os projetos da petroquímica da Petrobras certamente serão contemplados com recursos do BNDES , mas estão fora da relação de projetos a que o Valor teve acesso. O plano estratégico da estatal prevê aplicação de R$ 5 bilhões no braço petroquímico. Além de uma refinaria no Nordeste, a Petrobras anuncia em breve o local onde será instalada a unidade petroquímica básica no Rio, que construirá em parceria com o grupo Ultra. O projeto prevê a produção de matéria-prima petroquímica a partir de petróleo pesado com investimento previsto de US$ 3 bilhões. Mas o investimento total programado é de US$ 6,5 bilhões, dos quais o BNDES pode entrar com até 65% de participação.