Título: MST inicia negociação, mas diz que manterá ocupações
Autor: Jaqueline Paiva
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2005, Brasil, p. A2
Mesmo com a abertura de negociações com o MST ontem no Palácio do Planalto, as lideranças do movimento garantem que as invasões às 26 superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 20 Estados serão mantidas até o fechamento do acordo, no chamado "Setembro Vermelho". Ontem à noite o Incra pediu na Justiça a reintegração de posse das áreas invadidas. João Paulo Rodrigues, interlocutor do MST junto ao governo, também não descarta a hipótese de realizar protestos hoje durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao assentamento "Lulão" e à fábrica de celulose Veracel, ambas em Eunápolis (BA). Na negociação de ontem, os representantes do MST se reuniram com os ministros da Casa Civil, Dilma Roussef, da Secretaria Geral, Luiz Dulci e da Reforma Agrária, Miguel Rossetto, para pedir pressa na implantação do Plano Nacional da Reforma Agrária. Ontem pela manhã, os movimentos do Mato Grosso do Sul, Piauí e Bahia aderiram ao Setembro Vermelho. Em Goiás, mais cinco fazendas foram invadidas pelo MST e novas ações estão previstas nesta semana. Entre as reivindicações, o MST pede a atualização dos índices de produtividade. Segundo o movimento, os números estão desatualizados e praticamente tornaram inviável a desapropriação em áreas de maior concentração. O ministro Miguel Rossetto já enviou à casa Civil uma minuta do projeto com a atualização dos índices. Outro ponto da reivindicação do MST é o atendimento prioritário ao assentamento de filiados ao seu movimento.