Título: Partido perde mais dois deputados
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2005, Política, p. A4

A debandada de parlamentares do PT teve prosseguimento na manhã de ontem. Os deputados Chico Alencar (RJ) e Maninha (DF) anunciaram ontem a saída do partido rumo ao PSol, sigla recém-criada pela senador Heloísa Helena (AL). Ivan Valente (SP), João Alfredo (CE) e Orlando Fantazzini (SP) já haviam anunciado suas desfiliações na segunda-feira. Sem os cinco deputados, a bancada do PT deixa a condição de majoritária da Câmara dos Deputados, ao ficar com 84 parlamentares contra 88 do PMDB. E os pemedebistas deverão ganhar novos adeptos até sexta-feira, último dia para as filiações partidárias para quem quiser concorrer às eleições de 2006. Sem nem ter nascido direito, o Psol, conhecido como o partido dos radicais, já apresenta certa cizânia interna. Com as novas filiações, o PSol terá sete deputados a partir de sexta-feira. Tamanho suficiente para ter liderança, ainda não definida pelos parlamentares. Mas na escolha do novo presidente da Câmara, na tarde de hoje, a legenda recém-criada já apresenta problemas. Em conversa com jornalistas, Ivan Valente declarou voto em Aldo Rebelo, candidato do governo. Ao saber da revelação feita pelo colega, João Alfredo se irritou. "Ele nem conversou conosco", disse. Os parlamentares do PSol declaram que irão manter uma postura de oposição, mas sem aproximação com tucanos e pefelistas. "Não podemos ser um boneco nas mãos do PSDB e do PFL. Seremos uma oposição à esquerda", afirmou João Alfredo. O deputado acredita na necessidade da criação de um bloco informal de esquerda, com a participação inclusive de parlamentares do PT. Parlamentares de base e da oposição vêem com reservas a troca de posição entre os dois maiores partidos da Câmara. Acreditam que a influência do PMDB será maior ou menor dependendo da atuação do novo presidente da Casa, a ser eleito hoje pelos deputados. "Se o novo presidente for uma pessoa isenta e imparcial, os pemedebistas ganham força nas discussões e nas votações. Mas se o presidente eleito quiser fazer o jogo do governo, não haverá muita diferença se um partido tem dois ou três deputados a mais do que o outro", analisa o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA). Se Aldo Rebelo vencer a disputa, fatalmente tentará trazer a bancada governista do PMDB para o lado do governo nas votações e o partido ficará rachado. "Se isso acontecer, o partido perde a força que teria e o fato de ter a maior bancada não faz tanta diferença", afirmou Aleluia. Para o ex-tucano e atual petista Sigmaringa Seixas (DF), a inversão das posições de PT e PMDB não vai alterar o quadro de apoio ao governo nas votações. "Para a escolha dos presidentes de comissões e dos cargos na mesa, é levado em conta o tamanho das bancadas no início da legislatura. Esse aumento ou diminuição de dois ou três deputados e a troca dos dois partidos só será fundamental depois de 2006", disse. Com a aproximação da data limite para trocas partidárias, as mudanças continuaram na tarde de ontem. O PSB recebeu a filiação de Carlos Mota e João Paulo Gomes da Silva, ambos do PL de Minas Gerais. Pedro Irujo também deixou o PL e partiu para o PMDB. Já Sérgio Miranda, que já havia deixado o PCdoB, ingressou no PDT.