Título: Concorrência acirrada na área de veículos
Autor: Mauro Cezar Pereira
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2005, Valor Especial / SEGUROS, p. F2

Estatísticas da seguradora AGF mostram que em 2005 o seguro para automóveis foi o que apresentou melhor desempenho entre os produtos da empresa: 51,6% a mais no prêmio emitido líquido. Isso ilustra a situação de um segmento que não ampliou a carteira de clientes, enfrenta alto índice de sinistros e ainda assim aponta boas perspectiva para 2006. Para Cláudio Afif Domingos, da Indiana Seguros, o mercado continua com a mesma tendência do ano passado. Sem um aumento mais significativo da frota, há apenas empresas tirando clientes de outras. Ainda assim, os veículos ampliaram sua fatia. "Os que vêm crescendo mais são riscos patrimoniais, 25,8%; e automóveis, 24,4%", destaca. Em 2004 existiam 8,02 milhões de veículos com seguro, enquanto o total de veículos circulando no país era de 26 milhões de unidades. Marcelo Blay, vice-presidente da Itaú Seguros, lembra que 2004 foi "muito ruim" com resultados que provocaram recomposição de preços. "Foi o reflexo de uma guerra desenfreada em um setor competitivo", diz. O crescimento do mercado não é proporcional ao da indústria automobilística. Na visão de Fernando Barbosa, presidente da BB Seguros/Brasilveículos, as empresas têm vantagem por estarem acostumadas com a segmentação porque trabalham com a proteção personalizada dos riscos. "Hoje 63,8% das nossas propostas são renovações", diz. Como estímulo à continuidade dos clientes, o diretor de autos da Liberty, Paulo Umeki, cita a instalação de itens como dispositivos antifurto. "Nosso foco são os veículos com até 10 anos de uso", conta. Outras empresas como Indiana e Porto Seguro querem os "velhinhos" e reivindicam uma definição da Susep para viabilizar seguros populares. Um dos obstáculos é o IOF de 7%. "É preciso justiça tarifária", diz Luiz Pomarolle, diretor da Porto. A BB Seguros já lançou, em 2004, um produto para carros com 10 a 20 anos. "A sinistralidade passou de 74% para 69%, o que demonstra um crescimento sustentável do mercado", diz Emerson Bernardes da Silva, superintendente da Unibanco-AIG. Para ele, a manutenção do cenário até o fim do ano fará com que 2006 tenha concorrência mais acirrada.