Título: Núcleo histórico de apoio ao PT conquistou adesões
Autor: Jaqueline Paiva e Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2005, Política, p. A6

Quando o deputado Aldo Rebelo conseguiu os votos necessários para se tornar o novo presidente da Câmara, foi carregado nos braços pelos colegas. No grupo que encabeçava a comemoração, estavam as novas lideranças que emergem com sua vitória: o ex-ministro Eduardo Campos (PSB-PE) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), o líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana, e o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). Foram eles que arquitetaram a candidatura e se incumbiram de angariar votos. Agora, serão os interlocutores prioritários do novo presidente. A estratégia para a campanha foi montada pelo próprio Aldo: buscou reforçar o núcleo histórico de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva formado pelo PT, PSB e PCdoB. Para Aldo, só a partir deste núcleo seria capaz de reaglutinar a base de apoio estraçalhada há quatro meses. Com a escolha de seu nome, as lideranças passaram a fazer várias reuniões diárias, cada uma com uma tarefa de dialogar com setores e deputados individualmente já que a crise desestruturou lideranças de todos os partidos que passaram a não ter grande influência sobre suas bancada e a vencer a resistência difusa no Congresso em ver o governo novamente vitorioso em qualquer votação. Todas as noites eram feitas reuniões para apontar dificuldades e mostrar onde era preciso atacar para conseguir apoios. As ações eram passadas então aos ministros que recebiam parlamentares resistentes. Eduardo Campos emerge como principal interlocutor e o parlamentar mais próximo a Aldo Rebelo com quem já contava na articulação política quando foi ministro do Palácio do Planalto. Ele tem trânsito na oposição e entre parlamentares nordestinos, além de acesso ao presidente Lula. Coube a Campos ajudar Aldo nas conversas com Anthony Garotinho e os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Lúcio Alcântara (CE). Renildo Calheiros, líder do PCdoB na Câmara e irmão do presidente do Senado, é outra nova estrela. Ele entende as reivindicações do baixo e guarda paciência para dialogar com os mais afoitos em ter seus pleitos atendidos pelo governo. Coube a Renildo e a Campos fazerem boca de urna no plenário da Câmara, ontem, durante o primeiro turno para garantir os últimos apoios. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ficou encarregado de manter as conversas e as pontes com PTB, PP e PL, partidos da base que estão no centro das denúncias do mensalão e com quem mantém diálogo desde o início da crise. O novo líder do PT, Henrique Fontana (RS), desponta como destaque da renovação petista no Congresso. Coube a ele fazer manter o diálogo entre o Palácio do Planalto e a bancada do PT, na busca de unificá-la em torno de Aldo. Ao líder do PSB, Renato Casagrande (ES), coube a responsabilidade pelas conversas com os pequenos partidos, como o PV, PDT e PPS. No PMDB, Eunício Oliveira (CE), também companheiro de Aldo que ajudava nas articulações enquanto estavam no Executivo, participou das reuniões e, junto com o presidente do Senado, Renan Calheiros, que desde o início trabalhou para a candidatura governista, mantinha contato com a bancada e para evitar o crescimento da candidatura de Michel Temer entre os pemedebistas e o avanço de Nonô entre os indecisos. O senador José Sarney (PMDB-AP) também participou das articulações. Ficou encarregado de conversar com senadores que mantém influência sobre bancadas na Câmara. No partido, outras participações mais discretas também ajudaram na busca devotos. José Priante (PA), aliado de Jader Barbalho, Aníbal Gomes e Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan e Renildo Calheiros.