Título: MST decide manter ocupações
Autor: Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 22/04/2010, Brasil, p. 12

A série de manifestações organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde o início deste mês continua. O conjunto de ações orquestradas batizado de Abril Vermelho ¿ em alusão ao massacre em Eldorado dos Carajás, em 1996 ¿ atinge todo o país e, mesmo depois de intensa negociação com o governo federal ao longo da semana, superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) permanecem ocupadas em, pelo menos, cinco estados. Ontem, a sede do órgão em São Paulo foi liberada e integrantes do movimento realizaram uma manifestação na Praça da Sé exigindo o assentamento de 90 mil famílias acampadas em território brasileiro.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), diferentemente do que havia anunciado anteriormente, reuniu-se na terça-feira para negociar com a liderança do MST. No início da semana, o governo federal emitiu nota oficial afirmando que as negociações estariam suspensas até que todos os prédios de órgãos públicos fosse desocupados pelos sem-terra. Apesar disso, duas reuniões aconteceram anteontem, uma no MDA e outra no uma no Ministério do Planejamento. Na ocasião, as tentativas de acordo não avançaram e os representantes do movimento prometeram continuar os protestos pelo país. Outro encontro com membros do MDA e do Incra está marcado para hoje, segundo a assessoria de imprensa do MST.

¿Além do assentamento de trabalhadores rurais, as mobilizações cobram também um programa de agroindústrias, a renegociação das dívidas das famílias assentadas e uma linha de crédito que atenda as especificidades das áreas de reforma agrária. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) não atende às necessidades dos assentados e criou uma geração de inadimplentes¿, ressaltou a liderança do MST, ontem, por meio de comunicado oficial.

O governo se defende sob o discurso de que as promessas têm sido cumpridas, com mais de 574 mil famílias assentadas e 46,7 milhões de hectares incorporados à reforma agrária durante os dois mandatos do presidente Lula.