Título: Eletrobrás deve investir 13% mais em 2006
Autor: Eduardo Belo
Fonte: Valor Econômico, 29/09/2005, Valor Especial / ENERGIA, p. F2

Conjuntura Foco em geração e transmissão visa garantir oferta diante das expectativas de crescimento

A Eletrobrás planeja reforçar os investimentos em 2006. A estatal estima em R$ 5,2 bilhões as inversões previstas, valor 13% maior que os R$ 4,6 bilhões programados para 2005. Os segmentos prioritários são geração, com R$ 1,9 bilhão, e transmissão de energia, com R$ 2,3 bilhões. A escolha dessas duas áreas demonstra preocupação em manter a oferta em níveis adequados em relação à expectativa de crescimento econômico para o país. A distribuição deve receber recursos da ordem de R$ 600 milhões no decorrer do próximo ano. Os R$ 400 milhões restantes serão destinados a outras áreas. A companhia ainda não definiu completamente sua estratégia de atuação para os próximos anos. Até o final deste exercício, pretende concluir seu planejamento estratégico, dividido em três períodos: 2005/ 2007, 2007/2015 e 2015/ 2022. As discussões estão a cargo de um comitê gestor de planejamento estratégico, constituído em fevereiro para definir os rumos da empresa. É desse planejamento que devem sair as previsões de investimentos para os anos seguintes. A Eletrobrás começou a movimentar-se a fim de marcar presença no leilão de energia nova marcado para dezembro. Já discute parcerias com outras empresas para atuar no pregão. É sabido que a empresa pretende ter participação ativa no processo, mas ainda não divulgou sua estratégia. Para a direção da estatal, a expectativa em relação ao leilão de dezembro é "boa". No plano de investimentos de 2006, a prioridade é dar a partida nas obras de usinas hidrelétricas que vierem a ser arrematadas pela companhia no leilão de dezembro. A pressa se justifica. As usinas que começarem a ser construídas no ano que vem só estarão prontas em 2009, prazo limite para que o atual crescimento da demanda provoque um aperto no quadro de abastecimento do setor. O presidente da companhia, Aloisio Vasconcelos, já disse que é intenção da estatal arrematar pelo menos metade das usinas a serem licitadas neste fim de ano. Segundo Vasconcelos, é responsabilidade da Eletrobrás assegurar o abastecimento. Tanto que a empresa vem preparando a aquisição de participações em projetos prestes a entrar em execução, como as usinas de Estreito (TO) e Foz do Chapecó (divisa de RS e SC). Está praticamente definido, por exemplo, que a empresa ficará com os 16% da companhia BHP Billiton, de capital anglo-australiano, em Estreito. É possível que adquira, também, a participação da Vale do Rio Doce (40%) em Foz do Chapecó. A Vale manifestou o desejo de desistir do projeto, depois que os custos estimados se mostraram mais elevados que as primeiras projeções. Os dois empreendimentos são considerados de grande importância pelo governo. Juntas, as duas usinas devem agregar 1.960 megawatts (MW) à capacidade geradora do país, sendo 1.080 MW em Estreito e 880 em Foz do Chapecó. A Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estudam uma forma de o órgão de fomento conceder recursos para as subsidiárias da holding de energia (Eletrosul, Eletronorte, Furnas e Chesf) no leilão de dezembro. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o BNDES está proibido de financiar empresas estatais. A alternativa será elaborar um projeto de lei alterando esse dispositivo. Outro projeto de lei deverá transformar a holding em multinacional, seguindo os passos da Petrobras. A empresa estuda atuar nos mercados da América Latina, África e Ásia, sobretudo na consultoria de projetos em obras de engenharia, além da produção de transformadores e implantação de linhas de transmissão. A medida depende de autorização do Congresso, que pode sair em 2006. O planejamento para 2006 também inclui obras de reforço no sistema de transmissão da subsidiária Furnas Centrais Elétricas. A empresa vai empregar recursos nos sistemas de distribuição de energia do Sul e do Nordeste - fortalecendo e integrando a rede distribuidora -, na substituição de um dos geradores de vapor da usina nuclear de Angra 1 e dar prosseguimento à ampliação da hidrelétrica de Tucuruí.