Título: País recebe só 1,5% da verba para pesquisa e desenvolvimento
Autor: Fernando Nakagawa e Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Brasil, p. A2

As multinacionais estão acelerando a transferência de atividades de pesquisa e desenvolvimento para países emergentes, com nítida preferência pela Ásia, segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O Brasil é destino de recursos para a produção, mas bem menos para pesquisas que podem melhorar a inovação e o desempenho econômico. Fica em penúltimo lugar entre 33 países para futura implantação dessas atividades. Recebe só 1,5% das preferências, comparado aos 61,6% para a China, em levantamento publicado no Relatório Mundial de Investimentos. A Unctad cita dados mostrando que empresas como Ford, DaimlerChrysler, General Motors e Pfizer investem mais do que é investido no Brasil (US$ 4,6 bilhões em 2003) por ano nessa área. Além disso, 48% do total gasto em pesquisa e desenvolvimento no país partiu de filiais estrangeiras. Na Índia. o índice é de 3,4%, na Coréia do Sul, 1,6%, e na média global, 16%. As multinacionais representam hoje 46% do total de despesas mundiais destinadas a pesquisa e desenvolvimento. Mais da metade das empresas com maior orçamento de pesquisa e desenvolvimento tem centros na China, Índia ou Cingapura. Na China, o número desses centros que pertencem a empresas estrangeiras passou de zero a 700 em dez anos. Segundo a Unctad, uma das razões da expansão de pesquisa e desenvolvimento de multinacionais em países em desenvolvimento é a alta de custo nas economias industrializadas, penúria de engenheiros e cientistas e a corrida pela inovação. A disponibilidade de técnicos qualificados é grande em países como China, Índia e Rússia, que formam um terço dos estudantes de ensino superior técnico do mundo. O custo é competitivo: o salário anual de um engenheiro de microchips é de US$ 300 mil nos EUA, mas somente de US$ 24 mil a US$ 65 mil na Ásia. (AM)