Título: Mudança no comando não deve ser imediata
Autor: Cristiano Romero, Talita Moreira e Heloisa Magalhã
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Brasil, p. A7
Já estão definidas a mudança na diretoria e a nova estratégia de operação da Brasil Telecom (BrT). Porém, mesmo que seja vencida a batalha jurídica e se realize hoje a assembléia da empresa, o novo comando da operadora, escolhido pelos fundos de pensão e o Citigroup, provavelmente não será empossado nesta sexta-feira. A assembléia vai eleger o novo conselho de administração da BrT. O cotado para a presidência do órgão é Sergio Spinelli, advogado do Citi. Para vice, deverá ser indicado Pedro Paulo Campos, do Angra Partners, administradora do investimento dos fundos de pensão na empresa. Serão quatro representantes dos fundos e do Citi, dois independentes, indicados pelos italianos, e um dos minoritários. Mas é preciso que todos os conselheiros estejam presentes para que seja convocada, em seguida, uma reunião para definir os diretores responsáveis pela operação da companhia. A presença de todos eles é considerada pouco provável pelos novos gestores. Isso porque há minoritários que historicamente se alinharam com o Opportunity, até agora administrador da operadora e que não tem interesse na mudança da diretoria. Caso não haja quórum, o caminho poderá ser a convocação de reunião do conselho de administração com a chamada "manifesta urgência", que pode ocorrer até 72 horas depois. A expectativa é de que sejam afastados 15 executivos da atual diretoria identificados como próximos ao Opportunity. Alguns atuais diretores foram convidados a permanecer, entre eles Ricardo Sacramento, responsável pela telefonia celular; Jorge Jardim, vice-presidente de relações externas; Luiz Octávio Calvo Marcondes, diretor da área regulatória; Ari Joaquim da Silva, diretor de gestão; e Francisco Santiago, vice-presidente comercial e de rede. Santiago continuará como um dos quatro diretores estatutários. E como o Valor já havia antecipado, o presidente será Ricardo Knoepfelmacher, que se afastou do Angra. Luiz Francisco Perrone ficará como diretor de recursos humanos, função que na estrutura atual está vaga e que agora será responsável pela área regulatória. Perrone foi vice-presidente da Anatel e era presidente do conselho da Hispamar. Charles Putz, ex-Telefônica Empresas, será o responsável pela área financeira. Todos já estão na Brasil Telecom Participações. A nova administração tem planos de realizar de imediato auditorias, conversar com fornecedores e promover reuniões com os diretores. Esses procedimentos, segundo uma fonte, não vinham acontecendo pela atual presidente, Carla Cico. Ontem, circularam informações de que a executiva demitiu seis assessores diretos, dentre as 21 pessoas que respondem diretamente a ela, o que a empresa não desmentiu nem confirmou. Na nova estratégia está prevista a criação de uma única estrutura, unindo todas as atividades com base na convergência tecnológica. Mas, segundo uma fonte, haverá preocupação em repassar aos funcionários a idéia de que o foco é garantir a manutenção dos serviços, evitando prejudicar a operação. O futuro da área de telefonia móvel será estudado cuidadosamente e sem pressa. "Ninguém descarta negociá-la com a TIM, mas não nas condições atuais", diz uma fonte, em referência à fusão entre a BrT GSM e a empresa italiana. O negócio foi acertado em abril, em paralelo a um acordo da Telecom Italia para adquirir a fatia do Opportunity na BrT. (HM e TM)