Título: Lula volta a articulação para disputa de 2006
Autor: Jaqueline Paiva
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer aproveitar a eleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para a Câmara para retomar a pauta de votações no plenário e diluir a crise política que dura mais de quatro meses. Com ânimo renovado, Lula voltou a articular sua reeleição à Presidência para o ano que vem. Na terça-feira, ele se reúne com Aldo e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) para discutir a agenda mínima do governo no Congresso. Descontraído e aliviado, o presidente falou ontem duas vezes com os jornalistas, o que não é comum, durante a abertura da Feira Nacional de Agricultura Familiar, em Brasília. Aproveitou para fazer elogios a Aldo e rebater as críticas da oposição acusando o Executivo de excessiva interferência nas eleições da Câmara. "Na Câmara deu o que tinha que dar. Foi uma disputa apertada. Mas teve governador da oposição que liberou secretários para retomar o mandato e votar no candidato da oposição", defendeu-se Lula. Com a vitória, Lula voltou a articular sua reeleição. Chamou ao Palácio do Planalto o senador Delcídio Amaral (PT-MS) para tentar convencê-lo a permanecer no partido. Prometeu a Delcídio que ele terá a legenda para disputar a eleição do ano que vem ao governo do Estado, mesmo com a oposição do PT local, que quer uma aliança com o PMDB. Na conversa, Lula ponderou a Delcídio que precisa de nomes fortes do partido na disputa aos governos para sustentar sua candidatura à reeleição para a Presidência, já que se permanecer a verticalização das coligações, o mais provável é que a aliança do PT será mais restrita que a de 2002. Lula quer que o Congresso volte à normalidade. Na terça-feira, vai pedir a Aldo e Calheiros a votação de quatro projetos em outubro. São eles: a Lei de Defesa da Concorrência, que criou o SuperCade, as medidas provisórias 252, chamada MP do Bem, a 258, que criou a Super Receita, além da nova regulamentação das pequenas e micro empresas. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner afirmou que, para ajudar na retomada dos trabalhos do Congresso, o governo também poderá retirar medidas provisórias que trancam a pauta. Mas a oposição já informou a Aldo que não quer votar agora a reforma política. Lula recebeu ontem Aldo Rebelo em audiência no Palácio do Planalto para demarcar a relação institucional entre os dois. Mas, logo após a eleição, na noite de quarta-feira, o presidente ligou para seu ex-ministro e amigo para cumprimentá-lo enquanto comemorava a vitória com seus ministros e deputados mais próximos. O presidente recebeu na Granja do Torto os deputados que comandaram a busca de votos: os líderes do governo, Arlindo Chinaglia, do PT, Henrique Fontana, Renildo Calheiros, do PCdoB, e o deputado Eduardo Campos, o parlamentar mais próximo a Aldo no Congresso. O ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, esteve ontem no Palácio do Planalto, para participar de uma solenidade. Afirmou que conseguiu 40 votos para Aldo e que espera a manutenção do espaço do baixo clero. "Com Aldo vamos ter continuidade da minha gestão", afirmou.