Título: Alencar vai para legenda da Igreja Universal
Autor: César Felício, Cristiane Agostine, Thiago Vitale J
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Especial, p. A14

O vice-presidente e ministro da Defesa José Alencar entrou ontem no recém-criado Partido Municipalista Renovador (PMR), criado pela Igreja Universal do Reino de Deus no mês passado. Segundo o vice, "este é um partido que nasce limpo, para ser limpo e grande". O vice deixou o PL, partido pelo qual elegeu-se, alegando discordar da permanência na presidência da legenda do ex-deputado federal Valdemar Costa neto, que teria recebido R$ 6,5 milhões do caixa 2 do PT. O PMR tem entre os seus fundadores o ex-deputado federal Carlos Rodrigues, que renunciou depois de ter sido envolvido nas denúncias sobre o esquema do mensalão. Filiaram-se também na nova sigla o filósofo Roberto Mangabeira Unger, um pedetista histórico, e o senador Marcelo Crivella, do PL e da Igreja Universal. nas próximas semanas, a sigla deve mudar sua denominação para Partido Republicano. Em um partido minúsculo como o PMR, Alencar preserva uma série de opções para 2006, mesmo se a verticalização das coligações for mantida. O vice pode ser candidato a governador em Minas e ter apoio tanto de opositores do governo Lula como de defensores, já que seu partido não terá candidato a presidente. Ou pode disputar a presidência, caso Lula não tente a reeleição, hipótese em que fecharia uma aliança com uma grande sigla. Só perde força a possibilidade de Alencar permanecer na chapa petista como vice. O mineiro disse ontem que não é candidato a nada, ao escolher um partido no penúltimo dia de prazo de filiação para participar da eleição de 2006, em um hotel de luxo de Belo Horizonte. Mas reconheceu que pode disputar qualquer cargo no ano que vem. Em seu discurso de filiação, não perdeu a oportunidade de fazer campanha para a platéia, formada em grande parte por evangélicos, que lotavam o auditório. Criticou a política econômica de juros altos e falou que é preciso valorizar o trabalho e a produção. Segundo o vice, para justificar sua escolha ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que já estava acompanhando a organização da sigla há algum tempo. Alencar tinha marcado um encontro com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), antes da sua filiação. Mas chegou atrasado a capital mineira e teve de desmarcar o encontro onde discutiriam sua nova posição política. Ao governador, Alencar declarou que não pretende disputar a eleição estadual se Aécio se recandidatar ao Palácio da Liberdade. Questionado sobre o assunto, Aécio Neves não comentou. Nos bastidores da política mineira, os rumores são de que o ex-presidente da República Itamar Franco foi um obstáculo para que Alencar voltasse para o PMDB, partido pelo qual elegeu-se senador em 1998. Jose Alencar preferiu desconversar sobre isso. "São todos meus amigos", disse.