Título: BNDES lança linha de crédito para expansão e reforma de sala de cinema
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2004, Brasil, p. A-2

O BNDES decidiu colocar a indústria do cinema como uma das prioridades de sua política operacional. Ontem, em companhia do ministro da Cultura, Gilberto Gil, o presidente do banco, Carlos Lessa, anunciou uma linha de crédito para a ampliação, construção e reforma de salas de cinema em todo o país, incluindo financiamento para compra de máquinas importadas, como equipamentos de projeção digital. A idéia é criar condições para que se multipliquem em todo o país, no curto prazo, o número de salas de cinema. Hoje, elas somam apenas 1.910, em cinco mil municípios. As condições de financiamento dessa nova linha são inéditas, segundo Lessa. O BNDES decidiu, pela primeira vez em sua história, democratizar as captações desse empréstimo ao retirar a intermediação do agente financeiro nos projetos com valores a partir de R$ 1 milhão, sem limites para cima. Até agora, a instituição de fomento só financiava diretamente volume de recursos acima de R$ 10 milhões. Lessa destacou que os empresários do setor gozarão também de juros reduzidos em relação aos praticados habitualmente pelo banco. O nível de participação do BNDES no investimento será de até 90% para o parque exibidor. O prazo de carência desta linha específica será ampliado de seis para 12 meses. Os financiamentos abaixo de R$ 1 milhão serão efetuados através dos agentes financeiros. O Grupo Estação, que conta com 17 salas de cinema, das quais 15 no Rio de Janeiro e duas em São Paulo, foi um dos primeiros a procurarem o banco e já está negociando empréstimo para ampliar para 40 o número de salas de exibição, informou Adriana Rattes, uma das diretoras do Estação. O projeto envolve investimentos totais de R$ 60 milhões. Entusiasmado, o ministro Gil anunciou que o banco prepara para breve o anúncio da criação de mais uma linha de crédito destinada à indústria cultural, denominada por ele de indústria criativa. "São novas cadeias de produção estratégicas, que também fazem parte da política de desenvolvimento do país. O BNDES está quebrando padrões e estabelecendo novas posturas ao incorporar a produção cultural nas suas políticas operacionais". Gil relatou que a idéia do financiamento para aumentar o número de salas de cinema foi costurada entre técnicos do MinC e do BNDES. Para Lessa, a atitude de apoio ao cinema nacional tem a ver com a disposição do banco de fortalecer a indústria nacional. "O que o país precisa é ser robusto. Nos últimos 15 anos houve uma devastação na indústria brasileira, e , por conta disso agora somos obrigados a apoiar até a importação de locomotivas usadas, pois essa indústria foi sucateada", disse Lessa.