Título: Petrobras e Galp selam parceria para comprar a Gas Brasiliano
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Empresas &, p. B1
Distribuição de Gás Ativo, avaliado em US$ 100 milhões, atraiu interesse de outros seis grupos
A Petrobras e a companhia petrolífera portuguesa Galp já selaram a parceria para disputa a compra da concessionária de distribuição de gás canalizado Gas Brasiliano, no noroeste do Estado de São Paulo. A empresa é atualmente controlada pelo grupo italiano Eni e da sua subsidiária Italgás. Pelo modelo da associação firmada entre as duas empresas, se for efetivada a aquisição, o controle da Gas Brasiliano será repartido em partes iguais por Galp e Petrobras. Entretanto, a empresa portuguesa ficará com 50% mais uma ação. O diretor de gás da Petrobras, Ildo Sauer, confirmou ao Valor a parceria com a Galp para a compra da distribuidora paulista de gás. Mas as duas empresas não estão sozinhas na disputa: pelo menos outros seis grupos já demonstraram apetite pelo ativo. Dentre eles, a espanhola Gas Natural, a belga Suez, a colombiana Promigas e ainda as companhias nacionais Gasmig, controlada pelo governo mineiro, e Comgás (antiga estatal paulista do setor), além do grupo de engenharia Arecco, com base na Argentina. Os italianos já estão recebendo as propostas financeiras dos interessados em seu ativo e o resultado deverá ser conhecido já em outubro, segundo informou uma fonte próxima às negociações. O banco Santander está coordenando a operação de venda. Dentre os interessados, alguns possuem restrições legais para comprar a Gas Brasiliano. Petrobras, Gasmig e Comgás não poderão ser controladoras da distribuidora, caso uma delas seja vencedora em sua proposta, segundo o secretário de Energia e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce. Ele explica que as estatais são impedidas por lei de terem participação majoritária em qualquer empresa estadual privatizada. O veto consta no Programa Estadual de Desestatização (PED) e também estava descrito nos editais das privatizações realizadas pelo governo de São Paulo. A Comgás não é estatal, mas o PED também exige que as três áreas de concessão de gás do Estado tenham controladores diferentes. E a Comgás já é uma das concessionárias do Estado, a principal delas, que abrange a região metropolitana da capital. Depois que a Eni vender a concessão, o processo precisará da aprovação da Comissão de Serviços Públicos de Energia de São Paulo (CSPE), informou Arce. Vale ainda lembrar que a Petrobras é dona de 40% da Gasmig. Os mais favoritos para levar a Gas Brasiliano, segundo a fonte que participa da operação, são o consórcio formado pela Petrobras e a portuguesa Galp, a Gas Natural e a Gasmig, que procura um sócio majoritário, mas tem bastante apetite. O grupo Suez também é um forte concorrente e deverá entrar sozinho na disputa. A Comgás, segundo apurou o Valor, deverá participar em sociedade com o grupo Arecco. As duas já são parceiras nas obras de construção de gasodutos na área da Comgás, em São Paulo. Os novos controladores da Gas Brasiliano terão que assumir o compromisso de investir R$ 280 milhões nos próximos quatro anos na extensão de sua rede de distribuição, dos atuais 168 quilômetros para 525 quilômetros. A italiana Eni bateu outros três concorrentes no leilão de privatização da Gas Brasiliano realizado em 1999, oferecendo R$ 274,9 milhões, um ágio de 149,9% sobre o preço mínimo de R$ 110 milhões. O grupo Eni fatura mais de 50 bilhões anualmente. Agora, para repassar 100% da Gas Brasiliano, a Eni estaria pedindo quase US$ 100 milhões pelo ativo, de acordo com fontes. Desde a sua privatização, a Gas Brasiliano enfrentou vários problemas. Os investimentos realizados nos últimos cinco anos somaram apenas R$ 55 milhões, e a empresa não conseguia as licenças ambientais para a construção dos seus gasodutos. A concessionária também viu os seus planos de fornecimento de gás para termelétricas frustrados com o fracasso do programa termoelétrico nacional. Em dezembro passado, porém, a concessionária apresentou um plano de retomada dos investimento à agência reguladora estadual, a CSPE. Em meados do ano passado, a Petrobras fez outra grande negociação com a Eni, que planeja, com a nova venda, sair de vez do Brasil. Comprou do grupo a bandeira Agip do Brasil (postos de gasolina e uma distribuidora de GLP, o gás de cozinha) por US$ 450 milhões.