Título: Oferta pública da ANP vai definir expansão do Gasbol
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2005, Empresas &, p. B8
Energia Consumidores informarão quanto gás precisarão no futuro
A expansão do gasoduto Bolívia Brasil pode ser maior que o pretendido pela Petrobras no plano estratégico da empresa. Apesar de já ter divulgado a proposta de aumentar as importações de gás natural da Bolívia dos atuais 30 milhões de metros cúbicos por dia para 34 milhões, a decisão final sobre o tamanho da ampliação do Gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol) não será da estatal e sim da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Essa posição foi comunicada, no dia 15 de setembro, pela agência reguladora ao diretor superintendente da Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), José Zonis, que opera o trecho brasileiro do Gasbol. Para a reunião, que aconteceu na sede da ANP no Rio, também foram convidados, além da TBG, a superintendência de Hidrocarburos da Bolívia (Sirese, órgão regulador daquele país) e a Gás Transboliviano (GTB), empresa "gêmea" da TBG e que controla o trecho boliviano do gasoduto. A agência informou que a ampliação terá de obedecer à portaria ANP nº 98 de 2001, que estabelece a necessidade de oferta pública de capacidade para ampliação dos sistemas de transporte de gás do país. Nas próximas reuniões será também chamada a Transpetro, subsidiária da Petrobras que opera a rede de gasodutos da estatal. O diretor superintendente da TBG disse que a companhia, controlada pela Petrobras e que tem como sócias a Shell, Enron, El Paso, Total e BG, ainda não recebeu manifestação de interesse oficial da estatal para ampliar a capacidade de transporte. Caso seja requerida apenas a ampliação em quatro milhões de metros cúbicos pretendida pela Petrobras, Zonis calcula em US$ 250 milhões os investimentos necessários apenas para aquisição dos compressores. Atualmente a TBG é responsável por cerca de 60% do gás movimentado no Brasil e este mês bateu o recorde de movimentação do insumo, quando foram importados 27,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Apesar do volume médio de importação, em 2005, estar na faixa de 25 milhões de metros cúbicos/dia, o novo recorde mostra que o Gasbol está prestes a atingir seu limite de transporte. E no próximo ano deve alcançar a capacidade máxima com a conclusão do gasoduto Campinas-Rio. "Quando o sistema se aproxima do limite, é preciso mais atenção nos procedimentos de rotina e mais cuidado na gestão do gasoduto", explica Zonis. A decisão final dos volumes adicionais de gás que vão nortear a expansão da TBG, e conseqüentemente da GTB na Bolívia, dependem do resultado do concurso aberto. O superintendente de comercialização de gás natural da ANP, Cesário Cecchi, explicou que o processo de consulta pública começa logo depois da Sétima Rodada de Licitações, marcada para 18 e 19 de outubro, e deve demorar entre dois e três meses. Nesse período todos os interessados em importar gás da Bolívia poderão se manifestar, informando o volume que querem trazer. O presidente da BG no Brasil, Luiz Carlos Costamilan, disse que a empresa (que divide com a Shell o controle da Comgás) é uma das "potenciais interessadas" em participar do concurso aberto. "Achamos que é inevitável que se tenha uma expansão do Gasbol. A TBG tem caixa para isso e o gás da Bolívia é o que hoje está mais prontamente disponível para o mercado brasileiro. Já o tamanho dessa expansão vai depender de uma série de fatores, entre eles o posicionamento do governo boliviano com relação à Lei de Hidrocarbonetos", disse Costamilan. Outras prováveis interessadas no concurso aberto são as empresas com reservas na Bolívia, ou com mercado no Brasil, entre elas a francesa Total e a espanhola Repsol, que são sócias da Petrobras naquele país, e a El Paso. Enquanto aguarda o processo de consulta, a TBG não recebeu nenhuma manifestação oficial da Petrobras sobre o interesse de ampliar suas importações de gás. Zonis explicou que já tem prontas as projeções e calcula que as obras de expansão vão demorar entre 24 e 36 meses, o que significa que ficariam prontas no final de 2008 se começarem no início de 2006.