Título: Analistas prevêem ritmo mais lento para as vendas externas no ano que vem
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2005, Brasil, p. A3

As exportações brasileiras devem crescer em um ritmo mais lento em 2006, reduzindo o saldo da balança comercial, avaliam bancos e consultorias ouvidos pelo Valor. Os analistas acreditam que o desempenho mais fraco da economia mundial aliado à valorização do câmbio irão finalmente influenciar no comportamento das exportações em 2006. Ao invés da expansão de mais de 20% prevista para 2005, as previsões dos economistas variam de 3% a 7% para o crescimento das exportações em 2006. Já as importações devem aumentar mais de 10% no próximo ano. A MB Associados prevê exportações de US$ 125 bilhões em 2006, alta de quase 7% em relação aos US$ 117 bilhões previstos para 2005. A consultoria estima importações de US$ 88 bilhões em 2006 e US$ 76 bilhões em 2005. Com esse resultado, o saldo da balança comercial pode cair de US$ 41 bilhões esse ano para US$ 37 bilhões em 2006. "O impacto do câmbio nas exportações virá em 2006. A demanda externa mais fraca e o câmbio apreciado não têm como não afetar as exportações", diz Sérgio Vale, economista da MB. Ele reconhece que o desempenho dos embarques este ano está surpreendendo os mais otimistas, mas argumenta que o crescimento da quantidade exportada pelo país está desacelerando. De acordo com dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o quantum exportado pelo país crescia 19% no acumulado de 12 meses até janeiro. Em junho, esse percentual ficou em 12,9%, também no acumulado de 12 meses. No caso dos manufaturados, o impacto é ainda mais expressivo. O quantum exportado de manufaturados aumentava 27% no acumulado de 12 meses até janeiro. Na comparação até agosto, esse percentual está em 18%. O banco americano J.P Morgan prevê exportações de US$ 119,5 bilhões em 2006, uma alta de apenas 3% em relação aos US$ 116 bilhões aguardados para 2005. O J.P projeta importações de US$ 85 bilhões em 2006 e US$ 75 bilhões em 2005. Nas contas do banco, o saldo da balança comercial deve cair de US$ 41 bilhões em 2005 para US$ 34 bilhões no próximo ano. "A desaceleração do crescimento das exportações é resultado do efeito postergado da apreciação cambial e da demanda mundial menos robusta", justifica Júlio Callegari, economista do J.P. Morgan. A América Latina, um dos principais clientes do Brasil para manufaturados, deve crescer 3,9% no próximo ano, abaixo dos 4,2% deste ano e dos 6,2% de 2004, de acordo com previsões do J.P Morgan. Já os Estados Unidos, motor da economia mundial, deve crescer 3,4% em 2005, 3,6% em 2005, depois da expansão de 4,2% em 2004. As estimativas da Global Invest apontam para exportações de US$ 121 bilhões no próximo ano, alta de 4,5% em relação aos US$ 115 bilhões previstos para 2005. Já as importações devem atingir US$ 84,5 bilhões no próximo ano, o que significa aumento de 15% em relação a 2005. O saldo pode cair de US$ 42,3 bilhões em 2005 para US$ 36,5 bilhões em 2006. Para Alex Agostini, da Global Invest, o superávit da balança será menor por conta do crescimento da demanda doméstica, que reduzirá as exportações.