Título: Lula defende estratégias do BC
Autor: Caio Junqueira
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2005, Brasil, p. A5

Conjuntura Presidente cobra, de instituições, aferição mais precisa do déficit de moradias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou, ontem, a presença de diversos empresários, para defender as estratégias monetária e cambial de sua equipe. Lula afirmou que empresários reivindicam que ele, como presidente da República, altere a política de juros, ação que é de responsabilidade do Banco Central. "Durante a campanha, eu fiz muito debate com os setores empresariais, aqui e no Brasil inteiro, e as coisas que os empresários mais reivindicavam era que o Banco Central deveria ter autonomia. Agora as pessoas querem que eu determine a política de juros. Vocês cobraram de mim, durante dez anos, que o câmbio fosse flutuante, agora querem que eu determine o valor da moeda." Lula assinalou, porém, que "essas coisas (redução dos juros e crescimento maior) vão ocorrer na medida em que o mercado, governo e sociedade civil comecem a perceber que a seriedade veio para ficar, que não haverá medidas em função do ano eleitoral, que este país não vai jogar fora a oportunidade ímpar que ele tem." Lula também defendeu ontem, em São Paulo, uma nova aferição do déficit habitacional brasileiro por instituições de pesquisa nacionais uma vez que, segundo ele, os dados disponíveis são de 1974. "Precisamos utilizar o IBGE ou a Fundação Getúlio Vargas ou o Ipea ou a construção civil para que a gente possa aferir, com mais precisão, o déficit habitacional. Desde 1974 que nós utilizamos o mesmo número. Algo está errado." Segundo Lula, ele lembra da data porque, em 1974 "foi quando pela primeira vez um partido político pôde ir à televisão - e se tinha Arena e MDB disputando as eleições - e se discutia o déficit habitacional de 6 milhões". De acordo com Lula, o comodismo dos governos e da sociedade acarretou na indiferença quanto à atualização dos números. "Acho que temos a responsabilidade, enquanto governo, sociedade civil, os empresários e instituições que fazem pesquisas e que fazem estudo, de ter um número mais exato, mais preciso para que possamos trabalhar. O comodismo é que nos levou a continuar usando o mesmo número, porque ninguém nunca desmentiu." O presidente afirmou que é preciso, "de uma vez por todas", trabalhar com números exatos, "saber quais as regiões que precisam de mais habitação, quantas habitações nós temos desocupadas, para que a gente possa trabalhar com precisão os investimentos." Acompanhado dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Fortes (Cidades), Lula esteve na manhã de ontem na Fiesp para a cerimônia de abertura do 6º Seminário da Indústria Brasileira da Construção - Construbusiness 2005. (Colaborou Fernando Nakagawa, do Valor Online)