Título: Presidente do Senado mede forças com Garotinho na disputa pelo PMDB
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Fonte: Valor Econômico, 04/10/2005, Política, p. A7

O presidente do Senado, Renan Calheiros, busca se fortalecer no PMDB em meio ao troca-troca partidário. Enquanto mede forças com o presidente da legenda, Michel Temer, Renan Calheiros permanece "ciscando por dentro", nas palavras de um interlocutor do senador. Ele marcou presença no evento de filiação do governador do Amazonas, Eduardo Braga, à legenda. E a próxima parada nesta semana será em Vitória, para a festa de filiação do governador Paulo Hartung. Renan também acompanhou nos bastidores os passos do ex-governador Anthony Garotinho para tirar deputados do PMDB. No centro da mais recente briga do PMDB, Renan assegura que permanece acesa no partido a tese da candidatura própria em 2006. Um grupo de pemedebistas ligados a Garotinho e a governadores pemedebistas do Sul pediram a expulsão de Renan da legenda no fim de semana. A colegas, Renan diz claramente que é contra a candidatura de Garotinho, mas não tem nenhuma rejeição à candidatura própria. Os nomes do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Nélson Jobim, podem ser seriamente cogitados, diz Renan. "O problema é que um nome não se impõe. Surge naturalmente", diz. Lideranças governistas do partido responsabilizam Garotinho pela debandada de deputados da legenda, o que teria impacto nos planos futuros do ex-governador de disputar a prévia em que será decidida a candidatura própria. A pretensão do PMDB era transformar-se na maior bancada da Câmara, repetindo o quadro político do Senado, em que a legenda é a principal força política no plenário. "O partido está melhor que nunca, exceto na antiga Guanabara", disse o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), numa crítica velada a Garotinho. A bancada pemedebista na Câmara está com 80 parlamentares. O PT ainda detém a maior bancada, com 83 deputados. Renan Calheiros nega com veemência que tenha a intenção de se credenciar como um possível candidato a vice-presidente da República para manter a aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Preocupado com o crescimento do poder de Renan no PMDB Garotinho negociou a filiação de apadrinhados políticos dele em outras legendas, como o PSC e o PMR - o partido ligado ao Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal. Conforme relatos de pemedebistas, houve também casos em que os deputados receberam um claro recado de Garotinho: se permanecessem na legenda, não teriam espaço nem apoio para disputar as eleições em 2006. Isso teria ocorrido com José Divino, Josias Quintal e Vieira Reis. Os três consultaram Calheiros sobre a desfiliação ao partido. Alguns receberam abrigo no PSB, numa combinação direta entre o presidente do Senado, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) e o presidente da legenda, deputado Eduardo Campos (PE). Os aliados de Renan Calheiros apostam que o desentendimento entre ele e Michel Temer seja em breve superado. "Isso tudo é besteira. Só prova que descobriram (o grupo oposicionista do PMDB) que o Renan foi o causador da vitória de Aldo", analisou um integrante da cúpula pemedebista. (MLD)