Título: Nova diretoria define estratégia da BrT
Autor: Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2005, Empresas &, p. B3

Disputa Societária Entre as novas medidas que serão adotadas está a aproximação com a equipe da companhia

O primeiro dia útil do novo comando da Brasil Telecom (BrT) foi marcado por reunião de diretoria para discussão de estratégias para nove frentes de ação, almoço no bandejão da empresa com os funcionários e também pela derrubada de paredes. A ala da presidência, na sede em Brasília, antes ocupada por Carla Cico e agora por Ricardo Knoepfelmacher , vai se tornar uma amplo salão reunindo a cúpula da companhia nos moldes de bancos de desenvolvimento. "Não viemos aqui realizar nenhuma devassa. Vamos fazer auditorias, o que é natural. Não vamos perseguir ninguém. As onze pessoas (do primeiro escalão) identificadas com o Opportunity já foram afastadas ", explicou o novo presidente. E disse ainda que já está "mexendo em alguns símbolos". Contou que "causou estranheza praticamente não haver reunião de diretoria. Nosso compromisso é com a ética e a transparência. Encontramos os diretores em salas de 40 metros quadrados, geograficamente afastadas e com isolamento acústico", disse Knoepfelmacher, mais conhecido como Ricardo K, em razão de seu sobrenome quase impronunciável. Nos comentários que circulam no setor, ele é apontado como executivo próximo à Andrade Gutierrez, sócia da Telemar. Ricardo K foi presidente da Pégasus, que era da Andrade e foi vendida em 2003 à Telemar. E, por isso mesmo, há comentários de que estaria ali preparando uma futura aproximação das duas companhias. Ele reage dizendo que "acordos operacionais podem acontecer com qualquer operadora, não só com a Telemar e são importantes de serem discutidos" e não aceita mais argumentações.[ Também na bolsa de apostas circulam informações que os novos gestores estariam preparando um desmembramento, a venda em separado da parte fixa. Ricardo resume dizendo que "hipóteses estão sendo avaliadas e é cedo para qualquer definição". Entre os desafios dos novos administradores da BrT estão o de manter o ritmo de atividades da operadora ao mesmo tempo que continua na mesa a venda da companhia. Não é para menos pois Ricardo K assumiu, na sexta-feira, a presidência da operadora que faturou R$ 15 bilhões, em 2004, após cinco anos de litígio com o Opportunity, o gestor até então e com a Telecom Italia, acionista que foi afastada do comando para iniciar as atividades da TIM. Os novos administradores reconhecem que estarão frente a um momento sensível para os 6,5 mil empregados diretos e 7 mil indiretos. A estratégia será abrir canal direto, explicou o presidente, Ricardo K. Com 39 anos, ele é economista formado pela Universidade de Brasília com mestrado em gestão na respeitada America Graduate Scholl of International Management, no Arizona (EUA). Centro de formação criado pela AT&T e pelo Citibank nos anos 50. "Todos os funcionários vão receber um envelope. Ali vão poder colocar sugestões, idéias. Esse é um momento de desabafo. E queremos saber o que está acontecendo. Não vamos ficar isolados. As corporações são muito eficientes no sentido de impedir que as informações cheguem acima. Vai vir muita coisa irrelevante ou sugestões técnicas ou informações de irregularidades que alguém viu e não tem para quem contar", diz. "Será instituída uma linha direta e o café da manhã mensal com o presidente. A cada mês vamos reunir 40 pessoas em diferentes cidades, dos nove Estados onde a companhia atua. Esse mecanismo usei quando presidi a Caloi", explicou o executivo que também foi do Citi (acionista da BrT) mas que no início da carreira também trabalhou na McKinsey e foi um dos criadores da consultoria MGDK, vendida a Edson Musa. Com três outros sócios, criou da Angra Partners de onde acaba de sair, vendendo a participação, para assumir a BrT. Ricardo K informa que entre os diretores mantidos na empresa estão Jorge Jardim, diretor de relações institucionais e Ury Rabinovitz, da área de novos negócios. "O Ury é baiano (como Daniel Dantas) o que mostra que não há perseguição a baianos. Ele se reportará à presidência e vai buscar unificação de serviços, como WiMax, VoIP e a internet, por exemplo. Hoje a Brasil Telecom tem o IG, BrTurbo, IBest. Precisamos repensar tecnologias que possam causar rupturas. Lançar produtos, ter o catalisador da interface com outras áreas", explicou. Está sendo criada uma diretoria de governança corporativa, que irá montar comitês de investimento. "A empresa era totalmente presidencialista e muitas decisões eram tomadas fora dela, no Opportunity. Queremos boa relação com o mercado inclusive no exterior. A empresa tem ADRs", lembrou o presidente. A estratégia de ação imediata foi dividida em nove áreas. Vão ser examinados os contratos relevantes com fornecedores. A diretoria jurídica, ocupada por Darwin Corrêa, vai mapear e controlar as ações jurídicas envolvendo a companhia. Será feita avaliação das estratégias de ação.