Título: Ações de bancos disparam e puxam Bolsa
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2005, Finanças, p. C8

Mercado Compras de estrangeiros e expectativa de aumento da concessão de empréstimos animam valorização

As ações de bancos subiram acentuadamente, ontem, contribuindo para levar o índice dos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a novo recorde de 31.856 pontos. Se o índice Bovespa fechou com alta de 0,86%, as ações de bancos subiram muito mais. Bradesco PN teve alta de 3,4% para R$ 112,50, mas chegou a avançar mais de 4% no início da tarde, superando os R$ 55, e foi o quinto papel mais negociado, girando R$ 60,7 milhões. As preferenciais do Itaú fecharam com alta de 2,87% a R$ 54,74, no primeiro dia após o desdobramento; as units do Unibanco tiveram valorização de 2,64% para R$ 24,38; e as preferenciais do Banespa, de 2,52% para R$ 290. Só o Banco do Brasil ON ficou relativamente estável em R$ 43,45, mas apenas em setembro deu um salto de aproximadamente 30%. Não há um único fator para explicar a alta. Na verdade, as ações de bancos têm subido ao longo de todo o ano, favorecidas pelo aumento dos lucros engordados pela expansão do crédito. Nem mesmo a expectativa de queda dos juros interrompeu esse movimento, até porque, mesmo caindo, as taxas continuam elevadas. Bradesco, por exemplo, já subiu mais 70% no ano enquanto os outros bancos tiveram valorização entre 35% e 45%. Já o índice Bovespa acumula 20,56% no ano. O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, disse ontem à Bloomberg que as operações de crédito devem crescer 22% neste ano e pelo menos 35% no próximo. O banqueiro prevê a queda de até 1,75 ponto na taxa básica de juro neste ano dos atuais 19,5%; e que o Banco Central (BC) cortará o depósito compulsório sobre depósitos à vista, liberando mais dinheiro para o crédito. A valorização de ontem teria sido inicialmente desencadeada pelo anúncio de que o banco de investimento americano Bear Stearns estava elevando os preços-alvo dos ADR dos bancos brasileiros em vista da apreciação do real. Os analistas do banco esperam que o dólar vai fechar o ano em R$ 2,35, abaixo dos R$ 2,45 anteriormente esperados. A taxa para 2006 também foi revista de R$ 2,80 para R$ 2,45. Segundo a nova previsão da Bearn Stearns, o preço-alvo para este final de ano do ADR do Bradesco foi elevado de US$ 46,65 para US$ 51,61; o do Itaú, de US$ 104,50 para US$ 115,51; e a expectativa para o do Unibanco, de US$ 47,21 para US$ 52,23. As previsões para 2006 também foram revisadas para cima: o ADR do Bradesco passou de US$ 50,52 para US$ 57,73; do Itaú, de US$ 118,19 para US$ 135,08; e do Unibanco, de 50,39 para US$ 57,59. Para outras fontes, porém, as ações de banco estão sendo puxadas pelas compras feitas para a composição da carteira do fundo PIBB. A forte demanda pelo fundo, devido em boa parte ao atrativo da recompra para investimentos até R$ 50 mil, vai exigir, segundo alguns especialistas, a ampliação da oferta inicial de R$ 1 bilhão. As ações dos três maiores bancos privados têm um peso de 17,4% no índice IBrX-50, que lastreia o PIBB. Só os dois maiores têm peso de quase 15%; e chegam a 56% junto com os papéis da Petrobras e da Vale do Rio Doce. No entanto, outros analistas registraram também a presença do investidor estrangeiro na ponta da compra. No caso do Itaú, houve também a tradicional influência psicológica do desdobramento, que entrou em vigor ontem.