Título: Com apoio de Aldo, Izar impõe julgamento mais rápido
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2005, Política, p. A6

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-RJ), teve uma importante vitória, ontem, na queda de braço política com o corregedor-geral da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI). Os dois se reuniram com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para debater os procedimentos a serem adotados com os 16 processos de cassação em andamento no Congresso, contra deputados acusados de participar do esquema de mensalão. Aldo mostrou preferência pela tese de Izar, mais célere para o desfecho do julgamento dos parlamentares denunciados. Há 15 dias, Nogueira e Izar travam disputa nos bastidores. O petebista pressiona o corregedor da Câmara para agir com mais velocidade no envio dos processos ao Conselho de Ética. Quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, concedeu liminar a alguns dos deputados denunciados e obrigou a Corregedoria a colher a defesa de todos eles, estabeleceu prazo de 10 sessões para a finalização dos procedimentos. Já se passaram 12 sessões. A Corregedoria agendou para hoje a divulgação de um novo relatório sobre o caso, de autoria do deputado Robson Tuma (PFL-SP). O relatório será unificado, mas haverá divisão, em forma de capítulos, para detalhar cada caso. O rito formal dos processos prevê que o corregedor recolha as provas, ouça os denunciados, forme um relatório e o coloque em votação no âmbito na Mesa Diretora. Os integrantes aprovam ou não o parecer e decidem pelo envio dos processos ao conselho. É tradição na Casa o desmembramento do relatório quando há denúncias a vários deputados. O envio é feito, normalmente, com um parecer contundente sobre a situação de cada um. Izar tem dito que Nogueira, integrante do PP, partido de diversos deputados acusados de receber mensalão, quer enviar um texto único e global ao Conselho de Ética. "Agora ele não quer dar opinião. O mais correto seria que ele enviasse os processos instaurados, com pareceres claros ao conselho", diz o petebista. Se for elaborado um texto geral, o conselho terá de ouvir todos os deputados - procedimento já realizado pela Corregedoria. Antes da decisão de Jobim, quando fez o primeiro relatório, Nogueira afirmou haver uma impossibilidade de "fazer juízo de valor" sobre os casos e enviou todos ao conselho "mantendo os pedidos de cassação formulados pelas CPIs". Escapou de se pronunciar diretamente sobre os companheiros de partido. O encontro de Aldo com Izar e Nogueira ocorreu por conta de outra decisão do STF, dessa vez do ministro Carlos Velloso, na segunda-feira. Como a Corregedoria ouviu todos os deputados, o magistrado revogou a liminar anterior e permitiu o andamento dos processos. Na reunião, Aldo aderiu à tese de Izar e pediu pareceres individuais ao corregedor. Na saída da reunião, Nogueira não conversou com a imprensa. Apenas esbravejou: "Ricardo Izar não existe pra mim". O presidente do conselho não respondeu: "Não acredito que ele tenha sido tão mal-educado".