Título: Crescimento do mercado exige investimento para ampliar rede de gasodutos
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2005, Brasil, p. A3

O crescimento acelerado do mercado de gás natural no país nos últimos dois anos exigirá pesados investimentos em malhas de distribuição e transporte. No caso do transporte (o que exclui as redes de distribuição), a malha permanece estagnada em cerca de 5,4 mil km, desde a entrada em operação do Gasoduto Bolívia- Brasil (Gasbol), em 1999. Os planos da Petrobras de construir o Gasoduto Sudeste- Nordeste (Gasene) estão em compasso de espera devido ao aumento do orçamento original do projeto - uma obra de 1.290 quilômetros de extensão, estimado em US$ 1,1 bilhão em meados de 2004. No início deste ano, passou para US$ 1,5 bilhão e chegou a US$ 2,294 bilhão em sua última proposta, em meados do ano. O problema é que, segundo especialistas, a demanda e a oferta de gás já estão coincidindo e há necessidade urgente de novos investimentos. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), o consumo e a oferta de gás no país de janeiro a maio de 2005 foram exatamente iguais: 45,5 milhões de metros cúbicos diários. A produção nacional de gás chega a 48, 8 milhões de metros cúbicos/dia, mas há uma queima de 8,7 milhões de uma reinjeção de outros 7,4 milhões de metros cúbicos nos poços de exploração. Além disso, as plataformas de extração de petróleo e gás consomem outros 6,4 milhões de metros cúbicos do insumo diariamente. Restam, da produção nacional, 22,3 milhões de metros cúbicos/dia. Outros 23, 3 metros cúbicos diários chegam ao Brasil via importação da Bolívia (22, 4 milhões de metros cúbicos/dia) e Argentina (900 mil metros cúbicos/dia). Por outro lado, os riscos advindos da crise na Bolívia, país responsável por quase 50% de a oferta brasileira de gás natural, implicam a necessidade de antecipar a produção nas novas áreas da Bacia de Santos, para não interromper o crescimento do mercado no país. A aprovação de uma lei para o setor de gás vem, segundo o Ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, para dar mais segurança aos investidores privados e para a atração de recursos que anteriormente seriam investidos na Bolívia. "O país precisa disso. É um marco que favorece a todos, vai dar maior competitividade ao gás, promover a modicidade tarifária e e acesso à infra-estrutura." (LC)