Título: Embrapa decifra mapa genético da banana
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2004, Agronegócios, p. B-10

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia conclui nos próximos dias a decifração de 30 mil seqüências de DNA da banana. Desenvolvido há três anos em parceria com Universidade Católica de Brasília e o instituto francês CIRAD-Fhlor, o trabalho pretende subsidiar pesquisas sobre resistência à Sigatoka Negra. O projeto recebeu crédito de R$ 500 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e resultará no Data_Musa, banco de dados que deverá ser aberto a instituições de pesquisa em março de 2005. É o segundo maior banco genômico da banana do mundo, atrás do da anglo-suíçaSyngenta, que tem 80 mil seqüências. Segundo Manoel Teixeira Souza Júnior, pesquisador da Embrapa, a fonte da pesquisa é a variedade Calcutá 4, não comestível mas fonte de resistência a diversas doenças e usada no melhoramento de variedades comerciais. O Brasil, por exemplo, adota os grupos Prata (das variedades maçã e prata, passíveis de melhoramento convencional), e Cavendish (como nanica, d'água e grand naine), que só adquirem resistência por meio de mutação genética ou transgenia. Os dados do banco serão acessados gratuitamente. "O objetivo é estimular pesquisas e atrair novas parcerias", disse Souza. A conclusão do Data_Musa demandará outros R$ 300 mil, já solicitados ao CNPq. O projeto começou em 2002, sob influência do Global Musa Genomics Consortium (GMGC), consórcio entre 15 países para seqüenciar o genoma da espécie silvestre Musa acuminata. Fazem parte do grupo Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Estados Unidos, França, Índia, Inglaterra, Japão, Malásia, México, Nigéria, República Tcheca e Uganda. "O consórcio ainda não decolou por falta de recursos, mas permitiu a criação de projetos menores", disse Souza. A criação de espécies resistentes à Sigatoka Negra pode ajudar o Brasil a minimizar prejuízos à cultura, que reúne 355 mil produtores, segundo o IBGE. Oficialmente, a doença atinge 16 Estados e pode atrapalhar os planos do Brasil de alavancar as vendas externas. O país é o 14º no mercado externo, tendo embarcado 173,76 mil toneladas até setembro, 24,4% menos que em igual período de 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). A queda deve-se à redução de vendas para a Argentina, que voltou a comprar do Equador, maior exportador mundial.