Título: Produtores ainda aguardam regras de biossegurança
Autor: Conrado Loiola
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2005, Agronegócios, p. B12

Safra 2005/06

O plantio da safra 2005/06 de grãos já começou em algumas regiões do país, mas os produtores ainda aguardam a liberação das áreas permitidas ao cultivo de sementes transgênicas. Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, será necessário esperar mais um pouco pela regulamentação da Lei de Biossegurança que vai definir um zoneamento para o plantio, ou seja, em que áreas será permitido semear transgênicos. "Está para sair por esses dias um decreto que regulamenta a Lei de Biossegurança. A partir daí é que teremos as definições para o zoneamento. Eu espero que não atrapalhe o plantio", disse Rodrigues. A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/05), que permite a comercialização e o cultivo de sementes geneticamente modificadas no Brasil, aguarda regulamentação há seis meses. A proposta de regulamentação foi elaborada por uma comissão de representantes de 11 ministérios e aguarda aprovação na Casa Civil. "A regulamentação vai flexibilizar finalmente as condições para avançarmos em biotecnologia e, com isso, nos ombrearmos com os países que concorrem conosco nesses produtos", disse Rodrigues, durante a abertura da Feira Internacional das Cooperativas, Fornecedores e Serviços (Fenacoop). O ministro também disse que a redução do padrão tecnológico no campo na safra 2005/06 vai se refletir na queda de produtividade dos grãos, como o milho. Segundo ele, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não tem previsão para os estoques de alimentos, pois a colheita da safra de inverno de algumas culturas está em andamento, e o ministério está terminando a previsão de intenção de plantio para o ciclo 2005/06. Mas, segundo ele, os estoques de passagem da safra passada para 2005/2006 corresponderão a 6% da demanda nacional de grãos, frente a 11% no mesmo período um ano antes. Durante o evento, o ministro também defendeu uma maior integração no sistema cooperativo. "Tinha que ter um banco cooperativo, único. Isso evita o estímulo a uma competição interna no setor", afirmou. Ele defendeu a necessidade da criação de uma seguradora e de tradings de cooperativas, destacando o setor como "braço econômico para organização da sociedade". "Por isso [a cooperativa] é fundamental na disseminação de tecnologia, na agregação de valor aos produtos primários e na redução da distância entre produtor e consumidor", disse o ministro. Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as cooperativas do setor agrícola faturaram R$ 60 bilhões em 2004. Questionado sobre o risco de contaminação de gripe aviária no Brasil, o Rodrigues disse que o governo está terminando a negociação de um grande plano para prevenção da doença.