Título: Caixa ainda tem R$ 3 bi para emprestar
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2004, Finanças, p. C-1

A menos de dois meses do fim do ano, a Caixa Econômica Federal ainda não contratou R$ 3 bilhões dos R$ 8 bilhões disponíveis para financiar habitação em 2004. Para tentar utilizar esses recursos até dezembro, a Caixa conta com várias medidas que flexibilizaram as regras de financiamento, anunciadas na semana passada e que entram em vigor ao longo dos próximos dois meses. Em 2003, o dinheiro para o crédito imobiliário totalizou R$ 5 bilhões. No caso do saneamento, a instituição já contratou os R$ 2 bilhões deste ano - em 2003 foram R$ 1,7 bilhão. Apesar do tempo exíguo, o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, considera possível contratar R$ 3 bilhões até dezembro, devido às medidas divulgadas em 28 de outubro. Para a compra de imóveis usados, o percentual máximo financiado aumentou de 70% para 90%. No caso da carta de crédito para quem tem renda familiar acima de R$ 4,5 mil, os juros caíram de 13,7% para 12,5% ao ano, o prazo foi ampliado de 180 para 240 meses e o percentual máximo financiado passou de 60% para 80%. Em seminário sobre habitação promovido em São Paulo, Mattoso disse que a demora para contratar os recursos se deveu a fatores como o atraso no programa de arrendamento residencial e no FAT. "Além disso, houve um descasamento entre demanda e oferta, porque parte dos recursos do FAT e do FGTS tem de seguir uma determinação legal quanto à sua disponibilização." Mattoso se disse otimista quanto às perspectivas do financiamento à habitação, ressaltando que o setor privado deve assumir um papel mais relevante daqui para a frente. "De 1996 a 2003, a Caixa respondeu por 90% dos recursos para financiar a habitação". Neste ano, deve ficar com 72%. O presidente da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello, estima que, neste ano, os recursos contratados por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) totalizem R$ 3 bilhões, 35% a mais do que em 2003. Mattoso considera possível que em 2005 os recursos do SBPE para o financiamento habitacional atinjam R$ 12 bilhões. Esse salto ocorreria em função da Resolução 3.177, que determinou aos bancos aplicação de 2% dos saldos do FCVS em crédito mobiliário. Tenerello não vê condições de que esse valor seja efetivamente contratado no ano que vem, devido ao nível de renda da maior parte da população. Para ele, R$ 4 bilhões é um número factível. Para o secretário nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Jorge Hereda, os recursos para o financiamento oriundos do FGTS, do FAT e do orçamento podem atingir R$ 10 bilhões no ano que vem, 25% acima dos R$ 8 bilhões deste ano. "É possível aumentar recursos do FGTS para a habitação." (Colaborou Fabiana Futema, da Folha Online)