Título: Novas alternativas para financiar imóveis
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2004, Finanças, p. C-1

O crédito imobiliário ganhou, ontem, novas alternativas. Os grupos Unibanco e Rodobens lançaram um plano para a compra de imóveis com características de consórcio mas sem alguns de seus pontos fracos. O grupo Mapfre, em parceria com a Caixa Consórcios, optou pelo consórcio tradicional. E a distribuidora de material de construção Telhanorte, do grupo francês St-Gobain, lançou um consórcio de 36 meses para compra de material de construção com o grupo Battistella. Estimulados pelas estatísticas de déficit habitacional, todos esses grupos já traçam metas de venda. O Unibanco quer vender R$ 150 milhões nos primeiros seis meses - o valor é significativo considerando que a carteira de crédito imobiliário da instituição está ao redor de R$ 1,6 bilhão. E a Mapfre tem como meta vender 4,5 mil cotas no próximo ano, em um mercado que deve comercializar perto de 2 milhões em cinco anos. O vice-presidente de varejo do Unibanco, Márcio Schettini, informou que o déficit habitacional no Brasil é de 6,5 milhões de moradias e chega a 9 milhões segundo algumas fontes. A construção civil representa 6,4% do PIB. "O potencial de crescimento é grande se o mecanismo adequado de financiamento for oferecido", disse Schettini.

Tanto o Unibanco quanto o Rodobens, do grupo Verdi, acreditam que conseguiram esse ovo de Colombo ao desenhar o Plano Único, que será lançado na mídia a partir de domingo com um investimento pesado de aproximadamente R$ 7,5 milhões. O novo plano, segundo o diretor de produtos do Unibanco, Rogério Estevão, nasceu da observação do crescimento do mercado de consórcios. Depois que os grandes grupos financeiros entraram na área, há cerca de dois anos, o consumidor retomou o interesse pelo mecanismo, abalado no passado por histórias de quebras e inadimplência, explicou o diretor da Mapfre responsável pelo consórcio, Albert Junqueira. Pesquisas feitas pela FGV a pedido do Unibanco indicaram que dois problemas ainda preocupam o participante de um consórcio: a imprevisibilidade da entrega da carta de crédito e a eventual inadimplência do grupo. O Unibanco afirma que eliminou esses problemas ao garantir a entrega da carta de crédito até o

36 mês do Plano Único, cujo prazo total de pagamento é de 100 meses. Segundo Estevão, é isso que diferencia o Plano Único de um consórcio, que não pode dar essa garantia. O Unibanco pode dar essa certeza porque recorre aos recursos captados por sua caderneta de poupança, o que o consórcio não faz. Por isso, o produto será comercializado por uma companhia hipotecária controlada em partes iguais pelo Unibanco e Rodobens. Apesar de não ter esse compromisso, o consórcio da Mapfre, disse Junqueira, contorna problemas de inadimplência e desistência de participantes do grupo com seguros especiais. O cliente do Plano Único pode se candidatar a cartas de crédito de R$ 40 mil a R$ 250 mil e elevar o valor máximo com mais de uma carta de crédito. Os recursos podem ser usados na compra de imóveis urbanos, novos ou usados. As 36 primeiras prestações são fixas ou corrigidas pelo IPCA; e as restantes são reajustadas pela TR. A taxa de administração é de 0,29% ao mês e o seguro de 3,3%. Já o consórcio da Mapfre, que será comercializado por sua rede de corretores mas terá os grupos administrados pela Caixa Seguros, prevê planos de R$ 40 mil a R$ 80 mil, prazo de 144 meses e taxa de administração de 17% ao ano. Segundo Junqueira, o alongamento do prazo permite a redução de 20% do valor das prestações.