Título: FMI colhe informações sobre crise política
Autor: Claudia Safatle e Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2005, Finanças, p. C2

A missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI) que está no Brasil tem sondado vários de seus interlocutores sobre a evolução da crise política no país e as possibilidades do governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva recuperar melhores condições de governabilidade. Estão muito interessados, ainda, em averiguar as chances de Lula se reeleger em 2006 para um novo mandato presidencial. Além das conversas nos diversos ministérios e no Banco Central, os técnicos da missão têm tido encontros mais discretos com interlocutores qualificados na análise da política e da economia. Embora o país não tenha mais acordo formal com o FMI, as visitas das missões técnicas ocorrem uma vez por ano em todos os países membros da instituição. Encerrado o trabalho de avaliação, o que ocorrerá amanhã, eles retornam para Washington e preparam um documento sobre a situação do país, que é submetido à diretoria da instituição. Ontem, o chefe da missão, Charles Collyns, após uma reunião na Receita Federal do Brasil, falou rapidamente com os jornalistas. Disse esperar que o Brasil possa crescer um pouco mais rápido, a cada ano, porque isso é importante para reduzir os níveis de pobreza, mas considerou que o ritmo "passo a passo" da taxa de crescimento do PIB está adequado. Na análise de Collyns, a economia brasileira vai bem porque a atividade está crescendo, a inflação está baixando, o balanço de pagamentos está positivo, as exportações estão muito fortes e as políticas fiscal e monetária também apresentam bons resultados. Ele também acredita que o governo brasileiro está fazendo um bom trabalho para reduzir a dívida pública, já reduziu sensivelmente a dependência do dólar e a vulnerabilidade a choques externos. A missão do FMI está atenta ao desenvolvimento da economia brasileira desde que foi encerrado o acordo com o Brasil, em março. "As coisas estão indo extremamente bem", reconheceu Collyns. Segundo dados oficiais, a dívida do Brasil com o FMI é de US$ 15,55 bilhões, com cronograma de vencimentos até 2009. A dívida com o Clube de Paris é de US$ 2,6 bilhões e será paga até o fim de 2006, quando termina o prazo da reestruturação por 14 anos da dívida de governo a governo, negociada com o clube (que reúne os países mais ricos) em 1992.