Título: Medida poderá " agravar o problema", adverte secretário
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2005, Brasil, p. A5

O governo dos Estados Unidos sinalizou ontem que, se o Brasil adotar medidas de retaliação às suas exportações, os exportadores brasileiros para o mercado americano também sofrerão prejuízos. A advertência foi feita pelo secretário adjunto dos EUA, Robert Zoellick, durante entrevista conjunta com o ministro Antonio Palocci. O Brasil ganhou o direito de aplicar retaliações a produtos americanos depois que a OMC decidiu, em março, obrigar o governo dos EUA a extinguir dois tipos de subsídios concedidos a produtores de algodão. Um dos subsídios foi extinto, o outro mantido. O governo Bush mandou projeto de lei ao Congresso, solicitando o fim do segundo subsídio, para que o país possa cumprir a decisão da OMC. O projeto ainda não foi aprovado. "Uma retaliação pode agravar o problema, tornar mais difícil resolvê-lo", disse Zoellick. Antes, em entrevista na embaixada dos EUA, disse que retaliar seria "contraproducente". Alertou que a retaliação eleva as tarifas de importação de produtos americanos e eleva, portanto, custos de produção no Brasil. Zoellick lembrou que, anualmente, o Brasil exporta aos EUA, usando os benefícios do Sistema Geral de Preferências (SGP), US$ 2,5 bilhões. Os produtos exportados pelo SGP entram no mercado americano com alíquota zero. Segundo ele, o Brasil mantém essas exportações, mesmo desrespeitando os direitos de propriedade intelectual exigidos pelos EUA. Zoellick disse que o governo americano acredita que o Brasil está se esforçando para resolver o problema, mas advertiu: "Se (o Brasil) decidir retaliar, outros também podem decidir."