Título: Especialista vê domínio transgênico
Autor: Conrado Loiola
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2005, Agronegócios, p. B12

Biossegurança

Em até cinco anos, a presença de organismos geneticamente modificados (OGMs) nas lavouras de soja, milho e algodão do país deverá se assemelhar à registrada hoje na Argentina. Ou seja, os transgênicos representarão cerca de 90% do total produzido. A previsão é de Aluízio Borém, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade de Viçosa e ex-membro do Conselho Técnico Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil. Borém não arrisca um número exato, mas sua expectativa é de que a área plantada de soja transgênica aumente "assustadoramente" após a regulamentação da Lei de Biossegurança. Atualmente, diz, a área plantada gira em torno de 5 milhões de hectares. "Só não vai crescer mais em um primeiro momento porque não vai ter sementes suficientes para atender à demanda", afirmou ele na abertura do 3º Simpósio Nacional do Milho, em que defendeu também o plantio do milho Bt, transgênico, para reduzir perdas nesta cadeia produtiva. A variedade Bt é geneticamente modificada para desenvolver resistência aos ataques de lagartas, que abrem caminho para contaminação por fungos e bactérias, responsáveis por boa parte da perda de peso e qualidade das espigas de milho - além do que é naturalmente perdido nos processos de colheita, transporte e secagem. Borém justifica sua posição alegando que algumas variedades transgênicas podem trazer benefícios econômicos "sem qualquer efeito adverso ao meio ambiente ou à biodiversidade", afirma. Apesar disso, Borém não está confiante em um crescimento imediato, em função da resistência do consumidor interno e da demora para a regulamentação da Lei de Biossegurança. "Não vai dar para plantar algodão para essa safra, mesmo que a regulamentação saia logo, porque não estão sendo produzidas as sementes transgênicas. No caso da soja, algumas empresas já estão produzindo".