Título: Partido vota relatório pela expulsão de Delúbio Soares
Autor: César Felício e Caio Junqueira
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2005, Política, p. A5

Os cinco integrantes do Comitê de Ética do PT reúnem-se hoje, em São Paulo, decididos a manter o teor do primeiro relatório, anulado pela Justiça e que propôs a expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares do partido. Por ter confessado operar esquema de financiamento irregular de campanhas de petistas, o relatório concluirá pela sua expulsão, com base em incisos do artigo 213 do estatuto do partido, que mencionam "improbidade no exercício" de suas funções", "infração grave às disposições legais e estatutárias" e "inobservância grave dos princípios programáticos, da ética, da disciplina e dos deveres partidários". No início de setembro, a comissão apresentou à direção do partido relatório que recomendava a cassação do ex-dirigente. No dia em que ele seria votado na reunião do diretório nacional, Delúbio obteve liminar na Justiça, que barrou a votação, sob o argumento de que a ele não foi concedido amplo direito de defesa, já que não acompanhou o depoimento de testemunhas no dia 19 de agosto. O partido, então, decidiu reconvocar as testemunhas e elaborar um novo relatório. Das cinco testemunhas arroladas pelo ex-tesoureiro, apenas uma compareceu à oitiva. O secretário-geral e candidato do Campo Majoritário a presidente do partido, Ricardo Berzoini, foi um dos convocados mas não compareceu, afirmando estar em campanha. Na reunião de hoje, também será colocada em debate a ampliação das investigações da comissão para outros petistas envolvidos nas denúncias, que vão desde o ex-presidente José Genoino e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu até os deputados que sacaram recursos das contas do publicitário Marcos Valério. Na comissão, apenas um integrante defende esse posicionamento e foi voto vencido na discussão sobre o primeiro relatório. O argumento central que derrubou essa tese, por 4 x 1, foi de que a comissão não tem competência para sugerir abertura de processos contra filiados. Essa função cabe à Executiva do partido ou de qualquer filiado, desde que aprovado pelo diretório. Caso a divergência continue, o integrante que defende a ampliação das investigações poderá ou apresentar um relatório paralelo ou um voto em separado, no qual defenderá sua tese de que Delúbio nada fez sozinho e, assim, não pode ser o único a ter um processo ético interno aberto contra si. Integram a comissão a relatora Lene Teixeira (MG), Luix Costa (RS), Maria Rosa Lazinho (SP), Jonas Paulo (BA) e Luís Turco (SP). O relatório será votado na reunião do diretório que ocorrerá no dia 22 de outubro. (CJ)