Título: Brasileiro consome pouco protetor solar
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2005, Empresas &, p. B4

Cosméticos Companhias estão mais preocupadas em conscientizar a população do que disputar fatias de mercado

O trabalho de educação e conscientização é forte. Mas o brasileiro ainda consome pouco protetor solar. Ainda que 80% da população esteja ciente dos danos causados à pele, apenas 22% usam algum tipo de proteção sob o sol, segundo estudo da Marplan. E entre os homens, a situação é ainda mais crítica: só 16,5% se protegem do forte sol dos trópicos. Diante desse cenário, não basta disputar mercado com o concorrente. Todos querem ganhar participação, claro, mas desenvolver a categoria e aumentar o número de consumidores tornou-se ainda mais estratégico para as companhias que atuam no setor. A receita da líder Johnson & Johnson - dona de 43% de mercado com a marca Sundown - para arregimentar novos consumidores: com um portfólio de mais de 30 produtos, a empresa tem investido em nichos, como a linha de produtos para pele morena e negra, que ganha uma versão pós-sol neste verão. "Desenvolver a categoria é fundamental" , afirma Flávia Carvalho, gerente da Johnson & Johnson. A Johnson foi a pioneira na criação do protetor solar no Brasil, há 21 anos. Mesmo a linha de bronzeadores, hoje, são acompanhadas de proteção solar. "É importante que a idéia da proteção esteja muito presente para as pessoas, mesmo aquelas que privilegiam o bronzeado", completa Flávia. Para o próximo verão, a Johnson aumentará o investimento em mídia 40% em relação a 2004, o que significa dizer que devem ser gastos cerca de R$ 12,5 milhões para manter a liderança de Sundown. Segunda colocada do ranking, a Nivea também faz o seu papel para engordar o setor. A companhia, que tem uma fatia de 14% do mercado, treina as promotoras e desenvolve um trabalho educativo nos pontos-de-venda. Este ano, a multinacional alemã fez a mais importante reformulação do Nivea Sun desde a criação do produto. Além de uma nova identidade visual, a empresa criou o chamado fator azul, tecnologia que permite que o produto entre em ação imediatamente. Com o novo produto, a Nivea pretende aumentar o faturamento da categoria em 30% no verão. Com 9% do segmento, a marca Coppertone, da Schering-Plough, está de embalagem nova este ano. No site, a empresa desenvolveu uma área onde explica a ação do sol e de cada nível de proteção nos diferentes tipos de pele. O Boticário está de olho no público masculino - o mais afetado pelo câncer de pele. "De maneira geral eles consomem menos produtos de beleza que as mulheres, mas com a oferta de embalagens com spray e texturas mais finas isso está mudando", diz a gerente de produtos Helena Garcia. Uma das novidades para este ano é um fluído, que tem entre os seus atributos o uso em cabelo e pelos - justamente para atrair os homens. O Boticário não revela sua fatia de mercado e não tem ambição de concorrer com a linha verão com produtos que são vendidos em farmácias e supermercados. Os protetores são vistos como produtos complementares, mas as vendas têm crescido cerca de 60% ao ano, de acordo com Helena. O protetor solar ainda é caro - segundo as empresas o princípio ativo e a tecnologia para seu desenvolvimento têm um custo alto - e, portanto, pouco acessível à boa parte da população. A isenção do IPI no final de 2004, que era de 12%, não chegou integralmente ao bolso do consumidor. Foi incorporada para desenvolvimento das novas linhas, dizem as empresas. O alto preço acaba sendo prejudicial até no modelo de vendas. Geralmente, os supermercados têm uma restrição na venda: a maioria tranca o produto em prateleiras, por conta do alto índice de furtos. "Apesar da sua importância, o canal alimentar não cresceu no mesmo patamar da categoria", diz Daniella Brissac, gerente de produto da Nivea, empresa que desenvolveu dispositivos anti-furtos. Com isso, as farmácias tornaram-se o principal canal de vendas dos protetores e já são responsáveis por cerca de 70% das vendas. No Brasil, a expectativa é que o setor fature R$ 536 milhões este ano, uma alta de 40% em relação a 2004. No ano passado, a receita mundial em proteção solar chegou a 4,8 bilhões de euros. (Colaborou Marli Lima, de Curitiba)