Título: Cresce cultivo de flores no Nordeste
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2005, Agronegócios, p. B10

Desenvolvimento Variedades tropicais como antúrios e tipos de orquídeas já são exportadas

Tradicionalmente praticado em regiões de clima temperado, o cultivo de flores começa a ganhar destaque também no Nordeste, onde a produção é crescente e os produtores agora tentam partir para o comércio internacional. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de flores e plantas ornamentais alcançaram US$ 23,5 milhões em 2004, e parte do valor já advém de um segmento novo no país, a floricultura tropical. "Em função do clima, o Nordeste é a região do país que apresenta o maior potencial para o cultivo de flores tropicais. O potencial da atividade ainda não foi devidamente dimensionado, e mesmo a floricultura tradicional [temperada] vem crescendo em alguns Estados", diz Juarez Silva, presidente da Comissão de Floricultura da Federação Agrícola de Pernambuco (Faepe). Para os nordestinos, um dos termômetros do potencial econômico das flores tropicais é a disputa de tradicionais produtores, como Costa Rica, Equador e Colômbia, por clientes no exterior. E eles confiam no produto da região brasileira em grande parte por conta da maior exposição das plantas ao sol em comparação com os outros países exportadores citados. "A maior insolação resulta em colorações mais vivas e tonalidades inexistentes em outros países", explica Silva. Mas, mesmo com tais características, as exportações do Nordeste ainda são tímidas. Pernambuco, por exemplo, exportou pouco mais de US$ 65,3 mil em 2004 em flores, enquanto em Alagoas as vendas externas chegaram a US$ 51,3 mil. Com uma área - ainda pequena - de 150 hectares cultivados com flores tropicais, 50% em plena produção segundo a Faepe, e outros 150 hectares com fores temperadas, Pernambuco foi um dos Estados pioneiros na produção de plantas e folhagens tropicais. Segundo Silva, produtor em uma área de 12 hectares, o volume enviado semanalmente para compradores da Holanda, EUA, Inglaterra, Alemanha, França, Portugal, Suíça e Espanha chega a uma tonelada. A haste é comercializada por preços médios que atingem US$ 2,70, dependendo do tipo, do tamanho e da espécie cultivada. O custo relativamente baixo do negócio vem atraindo novos produtores. A estruturação de um hectare custa, em média, R$ 28 mil. Já uma estrutura voltada para a produção de flores temperadas costuma custar R$ 200 mil, mas pode chegar a R$ 500 mil dependendo da montagem das estufas. Mas há problemas. Entre eles, o tempo necessário para que a produção ganhe escala comercial. No caso das flores tropicais, a espera para iniciar as exportações pode chegar a dois anos, ante os 90 dias das flores tradicionais. Apesar de ser um mercado ainda incipiente, seu potencial de crescimento já levou as flores tropicais para a região do vale do submédio São Francisco, no alto Sertão pernambucano, local com tradição na fruticultura irrigada. Ali, segundo dados da associação local, a Florexport, há cerca de 20 hectares cultivados por 12 produtores. "Vendemos tudo o que produzimos. Mas a produção não é para quem quer. O mercado externo quer garantia de volumes e qualidade. Qualidade nós temos, mas nos falta escala", diz Armando Malul, presidente da Florexport. Segundo ele, a produção no vale chega a 2 mil hastes por semana. Executivos da rede francesa Carrefour visitaram a região há dois anos em busca de interessados em exportar para a Europa. E negócios não foram fechados em função do baixo volume. Também atrapalham, segundo os produtores, os altos custos dos fretes aéreos e a falta de embalagens apropriadas. A carência de marketing também é considerada um empecilho.