Título: Estados do Sul querem atuar em bloco na defesa
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2005, Agronegócios, p. B12

O Estado de Santa Catarina flexibilizou ontem mais uma vez as barreiras sanitárias na fronteira com o Paraná. O Estado permitiu a entrada de carne bovina maturada sem osso, mas só o trânsito daquelas que são produzidas no Paraná. A liberação foi o primeiro passo para que os Estados do Sul venham a atuar em bloco para conter o avanço da aftosa. O diretor-geral da Secretaria de Agricultura do Paraná, Newton Ribas, disse, após a reunião, que seu Estado funcionará como um "tampão" para os demais Estados do Sul. "Apesar dos esforços do Mato Grosso do Sul, sabemos que a situação não está sob controle", disse ele, que foi a Santa Catarina reverter parcialmente as barreiras ao relatar medidas de controle que foram tomadas como força policial nas fronteiras do Paraná, mais veterinários e a existência de um fundo com recursos de R$ 20 milhões para emergências sanitárias. A liberação às carnes bovinas do Paraná veio depois de uma discussão de cerca de três horas com os representantes das secretarias de Agricultura dos Estados do Sul, em Florianópolis. No encontro, o Paraná mostrou que está disposto a sair do circuito pecuário Centro-Oeste e reerguer o Circuito Pecuário Sul, que hoje na prática só funciona entre a porção sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dessa forma, o Estado correria risco menores de comprometimento de suas exportações. De acordo com Ribas, voltar a ter um circuito melhor estabelecido com os outros dois Estados do Sul permitirá uma força de exportação ao bloco e perspectivas boas no futuro. Isso significa uma possibilidade de até mesmo chegar mais rapidamente a um nível de rebanho que não tenha aftosa e não necessite de vacinação, estágios que podem favorecer tratativas de comércio. O Japão, por exemplo, só compra carne suína de áreas sem aftosa e sem vacinação. Com atuação em bloco, explicaram os secretários presentes à reunião, carros e técnicos poderão, se necessário, ser deslocados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul para a fronteira do Paraná, para conter um possível avanço da febre aftosa. O secretário de agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, afirmou que com a atual situação o Mato Grosso do Sul já é bastante similar ao Pará na questão de sanidade. "Hoje, o Estado precisa de dois anos para voltar ao estágio sanitário que ele tinha 30 anos atrás", destacou. Segundo ele, as medidas catarinenses nas barreiras estão baseadas nos critérios técnicos da OIE, com o Estado podendo fazer poucas concessões. Preocupado em não perder seu status, para 2006, o governo de Santa Catarina prepara aumento dos recursos gastos com sanidade dos atuais R$ 25 milhões para R$ 35 milhões ao ano e ampliação de veterinários. Ontem, também foi liberado o leite in natura do Paraná. Para os demais Estados ao norte de Santa Catarina, as barreiras foram mantidas. Estão permitidas carnes de suíno e aves de São Paulo, Mato Grosso e Goiás, desde que de indústria para indústria, e pintos de um dia.