Título: Fundos preparam saída do capital da TAM
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2005, Empresas &, p. B3

Aviação Investidores ingressaram em 1997, com aporte de US$ 80 milhões; participação atual vale R$ 680 milhões

A companhia aérea TAM já planeja uma nova oferta pública de ações para o início de 2006. Tudo indica que a idéia desta vez é aproveitar a valorização expressiva que seus papéis tiveram desde o lançamento, em junho, para que os cinco fundos de investimento que participam do capital da empresa desde 1997 encerrem o ciclo de investimento e deixem o negócio. É bastante provável que a companhia aproveite essa nova operação para listar seus papéis também na Bolsa de Nova York, assim como já fez a Gol. Na oferta realizada em junho, os fundos optaram por vender apenas uma fatia menor. Líbano Barroso, vice-presidente de finanças da TAM, chegou a explicar em entrevista ao Valor que a companhia estava iniciando uma virada e que os fundos entendiam que poderiam ter um ganho maior esperando mais um pouco. Quando ingressaram no capital da companhia, em 1997, os fundos fizeram um aporte de US$ 80 milhões (que praticamente equivaliam a R$ 80 milhões). A maior parte, cerca de 70% do total, veio de fundos administrados pelo então Banco Garantia, hoje CSFB. O restante corresponde a fundos sob a gestão atual da Bassini, Playfair e Wright. Atualmente, os fundos detêm juntos 19,58% do capital total da TAM. O valor de mercado da companhia está em R$ 3,4 bilhões e, levando-se em conta esse total, a participação dos fundos valeria agora cerca de R$ 680 milhões. Nos exatos quatro meses que se seguiram à oferta dos papéis em 14 de junho, as ações preferenciais da TAM tiveram valorização de 49,72% (até 14 de outubro) na Bolsa de Valores de São Paulo. No mês de outubro, o papel acumula alta de 4,66%. Antes da oferta, os fundos tinham 52,37% das ações preferenciais da aérea. Depois de concluída a operação, a participação caiu para 33,48%. No entanto, essa redução não reflete apenas venda. A fatia foi em boa parte diluída porque a companhia realizou na ocasião um aumento de capital, com emissão e venda de novas ações no mercado. A família Amaro detém, por meio de três empresas, 99,9% das ações ordinárias (com direito a voto) da TAM e 29,8% das ações preferenciais, somando 58,98% do capital total. Procurada, a TAM não se manifestou sobre o assunto. Mas, segundo o Valor apurou, a companhia já acertou a contratação de dois bancos para coordenar a nova oferta - o estrangeiro CSFB e o brasileiro Pactual. O UBS, que liderou a primeira oferta ao lado do Pactual, desta vez foi excluído porque está atuando como assessor financeiro da recuperação judicial da concorrente Varig. Já a escolha do CSFB parece estar diretamente ligada ao fato de os fundos vendedores serem, em sua maioria, geridos pelo banco. A maior fatia é detida pelo Brasil Private Equity Fundo de Investimento em Participações, que tem 20,98% das PNs. Depois dele vêm Latin America Capital Partners II LLC (5,42%), Brazilian Equity Investment III LLC (4,51%), Latin America Capital Partners PIV LLC (1,38%) e Brazilian Equity LLC (1,19%). A Gol, que fez sua oferta pública inicial de ações no ano passado, também fez uma segunda oferta num curto espaço de tempo, aproveitando a boa fase do mercado. Outro caso de rápido retorno é o da América Latina Logística (ALL), que também fez a oferta inicial em meados de 2004 e voltou no primeiro semestre deste ano.