Título: Bertin parte para biodiesel com investimento em Lins
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2005, Agronegócios, p. B14

O frigorífico Bertin planeja investir R$ 40 milhões na construção de uma fábrica de biodiesel. A unidade deverá ser erguida na cidade de Lins (SP), sede da empresa, e a previsão é que ela entre em operação em junho de 2006. O projeto foi anunciado na última sexta-feira pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, durante a divulgação do Plano Nacional de Agroenergia, na sede da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), em Piracicaba (SP). Projetada pela indústria de base Dedini, a planta de biodiesel terá capacidade de produção de 100 mil toneladas de biodiesel por ano a partir de sebo animal. José Luiz Toledo, diretor de Negócios e de Higiene e Limpeza do Bertin, informou que o grupo pretende utilizar matéria-prima própria para a produção do biodiesel e também comprar o sebo de terceiros. "Vamos utilizar parte deste biodiesel em nossa frota própria de caminhões e máquinas agrícolas. Mas boa parte do produto será destinado para comercialização no país", disse. José Luiz Olivério, vice-presidente de negócios da Dedini, disse que há pelo menos outros seis frigoríficos interessados em projetos de biodiesel parecidos com o do Bertin. Segundo o executivo, há plantas de biodiesel na Europa que já utilizam sebo animal, "mas a fábrica brasileira terá a maior capacidade de produção de mundo". Olivério explicou que a produção a partir do sebo animal é pelo menos 30% mais barata que a partir das oleaginosas. A mistura de biodiesel no diesel será obrigatória a partir de 2008, com a adição de 2% do produto no combustível. A partir de 2013, a adição será alterada para 5%. Neste primeiro momento, a demanda por biodiesel está calculada em 800 milhões de litros por ano. Hoje a produção nacional de biodiesel equivale a 2% da demanda futura total estimada. O governo está estimulando com benefícios tributários a produção de biodiesel por agricultores familiares - sobretudo no Norte e Nordeste do país e a partir de produtos como mamona. Durante o anúncio do plano de agroenergia, Rodrigues disse que o Brasil deverá se tornar referência internacional, assim como ocorreu com o programa do álcool no passado. Segundo Silvio Crestana, presidente da Embrapa, a empresa estatal estimulará as pesquisas voltadas para os pequenos agricultores.