Título: Com Biosintética, Aché torna-se maior laboratório do país
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2005, Empresas &, p. B6

Farmacêutica Compra será paga com dinheiro dos acionistas e financiamento de bancos e do BNDES

A compra do laboratório Biosintética pelo Aché, ambos de capital nacional, foi oficializada ontem e criou um novo líder na indústria farmacêutica do país. Dados da consultoria IMS Health mostram que, no acumulado de doze meses até agosto, o Aché sai do terceiro lugar e assume o primeiro com 7,01% do mercado por faturamento. O segundo colocado, logo atrás, é o franco-alemão Sanofi-Aventis, com 6,93%. A americana Pfizer vem em terceiro lugar, com 5,27%. "Nos tornamos também o maior laboratório de capital nacional da América do Sul", disse Eloi Bosio, diretor-presidente do Aché e o responsável direto pela condução das negociações. Desde 2000 o laboratório profissionalizou sua gestão, como solução para encerrar as brigas entre as três famílias que controlam a empresa. Para os acionistas, a escalada do Aché foi resultado direto dessa decisão. "Nosso modelo foi vitorioso e as brigas que tivemos se dissiparam", comemorou um satisfeito Victor Siaulys, um dos controladores e presidente do conselho de administração do Aché. Para Siaulys, foi a profissionalização que colocou a sua companhia na posição de comprador e não de comprado. O Biosintética, também uma empresa familiar, até hoje era dirigida pelo filho de seu fundador, Omilton Visconde Junior. O valor pago para assumir integralmente o Biosintética não foi revelado. Segundo o Valor apurou, a cifra superou os R$ 500 milhões e será paga em dinheiro. De acordo com Siaulys, 20% do valor a ser pago virá dos acionistas do Aché. Os restantes 80% serão financiados por bancos. Também há negociações com o BNDES. "Nunca fomos tão assediados por bancos e tínhamos oferta de financiamento para fazer duas compras dessa", disse José Luiz Depieri, também controlador do Aché e vice-presidente do conselho. Na operação, o Aché foi assessorado pelo Banco Pactual e pelo escritório de advocacia Machado Meyer. Trabalharam para os vendedores a consultoria Lagoa e o escritório Pires Advogados. Bosio, que continuará a presidir o laboratório, disse que os planos agora incluem investir mais em pesquisa e ampliar rapidamente o leque de genéricos no portfólio da Biosintética. Hoje são 63 e, segundo ele, os grandes laboratórios chegam a ter 90 a 110 deles. "Os laboratórios que mais têm crescido no ranking são aqueles que comercializam genéricos e nós não vamos partir do zero", disse Siaulys. De acordo com o empresário, a compra também abrirá portas para que o Aché torne-se o parceiro ideal de laboratórios estrangeiros interessados em acordos comerciais para introduzir novos medicamentos no país. No mercado financeiro, acredita-se que num futuro não muito distante o Aché poderá lançar suas ações em bolsa. "Certamente a abertura de capital está nos planos, porque devem surgir bons projetos de investimento", disse Depieri. "Antes temos que integrar os dois negócios."