Título: De olho no tempo dos outros
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 29/04/2010, Política, p. 3

José Serra e Dilma Rousseff voltam as atenções para alianças com o PP e o PTB em busca de maior exposição na televisão, mas partidos tendem a manter a neutralidade

Devidamente costuradas as principais alianças à Presidência da República, os dois pré-candidatos ao Palácio do Planalto mais bem colocados nas pesquisas, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), miram agora em duas legendas médias: PP e PTB. O maior atrativo dos dois partidos é o tempo de televisão que cada um vai dispor durante o horário eleitoral gratuito. Juntos, os dois significam mais três minutos à propaganda em rede nacional. As alianças regionais, contudo, devem levar as duas siglas à neutralidade. Somente a governador são 11 pré-candidatos anunciados por PP e PTB (veja quadro).

Embora tenham histórico de participação durante o governo de Lula, PP e PTB flertam com o desembarque no palanque de oposição para as eleições de outubro. Nesta quarta-feira, por exemplo, a direção nacional do PP negou apoio oficial a Dilma Rousseff. O motivo seriam as negociações estaduais. Como a pré-candidatura de Dilma já tem um vice praticamente confirmado ¿ o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) ¿, o cargo pode pender a balança para que o PP apoie Serra.

A indicação natural do partido para a vice do tucano seria o senador Francisco Dornelles (RJ). O acordo, contudo, dificultaria a situação do partido em vários estados, além de colocar em risco o Ministério das Cidades, hoje entregue a Márcio Fortes e responsável por um orçamento de R$ 15,2 bilhões. Entre as duas faturas, o mais natural é que o partido escolha manter-se neutro na composição nacional. ¿O caminho do PP é favorecer ao máximo os estados, por isso a neutralidade pode ser o caminho ideal¿, pondera o vice-presidente da legenda, o deputado federal Ricardo Barros (PR).

Dono de um tempo de televisão de 1 minuto e 20 segundos, o PP pretende lançar cinco candidatos a governador. Ainda ambiciona aumentar a bancada no Congresso Nacional, onde conta com 41 deputados e um senador. As apostas da legenda para engordar a participação no Senado são Ricardo Barros (PR), Esperidião Amin (SC), Ana Amélia (RS), Benedito de Lira (Al) e Ivo Cassol (RO).

Divisão Se o PP encontra aparente paz interna, a divisão interna no PTB é bem maior. A bancada do partido, que conta com 22 deputados federais e sete senadores, tende a apoiar a governista Dilma para a Presidência. Do outro lado da mesa, a direção da legenda, capitaneada pelo ex-deputado federal cassado Roberto Jefferson (RJ), pressiona por uma aliança com Serra. No cerne da disputa pelo apoio da legenda está um tempo de televisão de até 1 minuto e 50 segundos.

O partido pretende esticar a corda até o limite das convenções, em junho, também de olho nas alianças regionais. O PTB pretende lançar seis candidatos a governador, além de Romeu Tuma (SP), Luiz Francisco Barbosa (RS), Júnior do Friboi (GO) e Armando Monteiro Neto (PE) para o Senado. Como os candidatos têm alianças divididas entre Dilma e Serra, o partido também flerta com a neutralidade. ¿Adotar a neutralidade seria mais vantajoso para os estados. Liberaria a aliança para tomar o melhor caminho, de acordo com a região¿, analisa o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).

O caminho do PP é favorecer ao máximo os estados, por isso a neutralidade pode ser o caminho ideal¿

Ricardo Barros, deputado federal do PP-PR, vice- presidente da legenda

O número 11 Candidatos que PP e PTB pretendem lançar para concorrer a governos estaduais

Corrida rumo ao Executivo

Saiba quem serão os pré-candidatos do PP e do PTB aos governos estaduais e do Distrito Federal:

PP

Amapá Pedro Paulo Dias

Mato Grosso José Geraldo Riva

São Paulo Celso Russomano

Santa Catarina Ângela Amin

Roraima Neudo Campos

PTB

Amapá Lucas Barreto

Distrito Federal Gim Argello

Pará Fernando Yamada

Piauí Vicente Claudino

Rio Grande do Sul Luiz Augusto Lara

Roraima Mozarildo Cavalcanti