Título: Notas
Autor: Cristiane Agostine, César Felício Sérgio Bueno e J
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2005, Política, p. A8

Alencar não vota Aos 74 anos, o vice-presidente José Alencar (PMR) não votou no referendo. Conforme a lei eleitoral, a participação é facultativa para os maiores de 70 anos. Alencar, que tem domicílio eleitoral em Belo Horizonte permaneceu em Brasília para tratar de "assuntos de governo", informou sua assessoria de imprensa. 'Exercício de democracia' O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, defendeu a realização de referendo sobre proibição da venda de armas e munição como um exercício de democracia. Segundo ele, o controle de armas no país "continuará a ser rígido". No início do mês, Bastos divulgou manifesto apontando oito razões para que a população votasse no "sim" à proibição. Scheid pede segurança O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Scheid, afirmou, após participar do referendo, que o problema da violência não se combate com voto, mas com a organização das forças de segurança. Ele não revelou qual foi sua escolha na urna. Maia vota "não"

O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), declarou que mudou seu voto de "sim" para "não" e afirmou que o uso da arma, em cidades com altos índices de criminalidade, como a capital fluminense, é necessário para a autodefesa. Urnas quebradas Quase 2 mil urnas eletrônicas utilizadas na votação apresentaram problemas e tiveram de ser substituídas, informou o TSE. O número representa 0,62% do total de 323.368 urnas. Arma de colecionador

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Velloso, defendeu a realização de referendos no país de quatro em quatro anos para discutir temas como aborto e gestação de anencéfalos. Velloso, que não revelou seu voto, disse que tem uma arma em casa e que gostaria de ser colecionador, o que seria permitido mesmo na vitória do "sim". Insatisfação popular Para o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), integrante da Frente Parlamentar pelo Direito à Legitima Defesa, os votos no "não" foram uma resposta da população ao sentimento de insegurança que afeta a maioria dos brasileiros. "Nunca vi um governo que propõe um referendo para perder", disse. Jacaré à espreita Uma equipe dos Correios que caminhava pela mata para levar uma urna eletrônica a Sacuri, no Pará, foi atacada por um jacaré. A seca na região amazônica dificultou o acesso de eleitores e funcionários da Justiça aos locais de votação, já que os rios são a principal via de transporte na região. Contra o poder público A cientista política Lúcia Hippólito considerou que a vitória do "não" por larga margem significa que a consulta popular sobre o comércio de armas transformou-se em "um plebiscito contra o poder público".