Título: Cresce procura por imóveis residenciais
Autor: Domingos Zaparolli
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2005, Valor Especial / CONSTRUÇÃO CIVIL, p. F3

Tendências Com aumento da oferta de crédito, vendas e lançamentos de novos edifícios ganham fôlego

O clima é de otimismo entre as construtoras que atuam no mercado residencial. E há um motivo palpável para isso: aumentou o crédito na praça para quem quer comprar. João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon, estima que em 2005 o mercado financeiro disponibilizará R$ 4,2 bilhões para o setor. Um número significativamente maior que os R$ 3 bilhões disponíveis em 2004. Além disso, R$ 2,6 bilhões em recursos do FGTS irrigaram até agosto o mercado imobiliário. "Começamos o ano com uma promessa de crédito de R$ 20 bilhões. Mas o que veio já representa 40% a mais que no ano anterior", diz Robusti. Na prática, o aumento de recursos está resultando em crédito bancário com juros menores e maior prazo. Este dois fatores estão incrementando as vendas. Nos primeiros oito meses do ano, segundo o Secovi, foram comercializadas na cidade de São Paulo 14.609 novas unidades residenciais, um volume 19,2% maior que o mesmo período do ano anterior e superior ao total comercializado em 2003, quando foram vendidas 13.557 unidades. Os lançamentos também cresceram. É o que demonstram os dados do consultor Luiz Paulo Pompéia, da Embraesp. Em 2004 foram colocadas à venda 28,2 mil novas unidades na Grande São Paulo. A previsão é que este número supere 32 mil neste ano e movimente R$ 9 bilhões, apenas na região. "É o início de um ciclo de crescimento. Em 2006 a demanda será forte, 8% a 12% maior", prevê Luiz Rogelio Tolosa, diretor de Relações com Investidores da Company. Em 2004, a Company realizou um volume de vendas de R$ 206 milhões. Valor que foi superado no primeiro semestre de 2005, com R$ 220 milhões. Tolosa informa que sete empreendimentos serão lançados durante o segundo semestre e outros sete já estão programados para o início de 2006. As construtoras estão alinhavando suas estratégias para atender ao aumento de demanda e a um novo perfil de consumidor, o comprador com renda média, para quem a maior oferta de financiamento é fator decisivo na hora de fechar negócio. É uma mudança de rumo, uma vez que nos últimos anos as construtoras mantiveram o foco nos empreendimentos considerados de alto padrão. "O segmento de imóveis com valor superior a R$ 300 mil saturou. Nos próximos anos vamos assistir a um aumento de oferta dos imóveis de padrão médio", diz Pompéia. O consultor avalia que já em 2005 as ofertas de imóveis de dois dormitórios, os mais acessíveis à classe média, serão 20 % maiores. Uma tendência forte no setor de construção é o lançamento de produtos que ofereçam um mix formado por economia e qualidade de vida. A Construtora Setim, por exemplo, lançou o Mundo Apto, um total de 1,2 mil apartamentos de 2 e 3 dormitórios distribuídos em seis empreendimentos, com preços entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Os condomínios são equipados com aquecedores solares, o que gera uma redução de 15% nos gastos com energia, sistemas de reciclagem de água e boa estrutura de lazer, com espaço gourmet, child care, sala de fitness, vaga para visitantes na garagem e outros recursos tradicionalmente ofertados em empreendimentos de maior valor. "A estratégia é levar o conceito do alto padrão ao consumidor de renda média", diz o presidente da construtora, Antônio Setim. Para viabilizar a estratégia, as construtoras estão adensando o aproveitamento dos terrenos, com o maior número de torres e andares por prédio. Estratégia que exclui planos de investimentos em condomínios horizontais, que estão perdendo fôlego. A Schahin Desenvolvimento Imobiliário, diz o diretor Newman Brito, lançou recentemente dois edifícios São Paulo voltados para a classe média. Um deles, na região da represa Guarapiranga, com apartamentos de dois dormitórios e preço médio de R$ 80 mil, registrou 60% de vendas em três meses.