Título: Fabricantes esperam retomar vendas em 2006
Autor: Murilo Ohl
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2005, Valor Especial / CONSTRUÇÃO CIVIL, p. F3

Os fabricantes de material de construção estão pessimistas com o desempenho do segmento em 2005. Mas há uma expectativa de recuperação no ano que vem, inspirada pela tendência de redução da taxa de juros e pelo controle da inflação. Mesmo assim, trata-se de uma expectativa modesta. "No máximo, vamos crescer igual ao PIB, cerca de 3,5%", prevê Roberto Zullino, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção (Abramat). A manutenção da política de juros altos é apontada por executivos como o principal obstáculo ao comércio de material de construção em 2005. Embora os juros altos afetem as vendas de grandes volumes para as construtoras, é no varejo que os maiores danos ocorrem. "Neste momento, o brasileiro tirou os verbos reformar e construir da cabeça" afirma Zullino. Os empresários criticam também as restrições às linhas de financiamento e a queda do poder aquisitivo da população como fatores que têm prejudicado o crescimento. Segundo pesquisa da Abramat, nos sete primeiros meses deste ano, o setor encolheu 9%. Como o segundo semestre costuma ser mais favorável para as vendas do setor, uma ligeira recuperação é esperada. Alguns fatores levam os fabricantes a olhar 2006 com mais otimismo. Em primeiro lugar, a crise política parece não ter desestabilizado a economia, segundo Zullino. O fato de haver eleições em 2006 também é encarado como um fator positivo. "Num histórico recente, os anos eleitorais têm sido bons para a construção civil", analisa Raul Penteado, diretor geral da Deca, fabricante de louças e metais sanitários. Seja pela injeção de mais recursos públicos ou por receio dos eleitores com mudanças drásticas na economia, diz Penteado, as vendas na construção civil costumam se aquecer nestes períodos. Há também entre os fabricantes a esperança de colher os resultados de algumas medidas legais, como a desoneração da cesta básica de materiais de construção, por exemplo. A lei do patrimônio de afetação, que torna efetiva a cobrança de 7% de impostos sobre novos empreendimentos também é elogiada. A lei exige que o novo empreendimento tenha uma contabilidade própria, o que evita a paralisação da obra em caso de quebra da construtora. Apesar do otimismo em relação a 2006, entre os fabricantes de material de construção uma retomada consistente não é vista nem no longo prazo. "O mercado só vai melhorar mesmo quando a expectativa do brasileiro em relação ao país melhorar", define Penteado, da Deca.