Título: Cotação em alta atrai investimentos
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2005, Empresas &, p. B7

Com os estoques mundiais em baixa e a demanda impulsionada pelo crescimento da economia chinesa, o cobre vive sua fase de preços nominais mais altos, o que torna o setor atrativo para investimentos. O último recorde foi registrado na semana passada, quando o metal para entrega em três meses, usado como referência pelo mercado, atingiu US$ 4 mil a tonelada na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês). "Os estoques estão em estado crítico", diz o analista do Standard Bank, Marcelo Mello. Neste ano, a escassez deverá chegar a 88 mil toneladas, segundo cálculos de John Hill, analista em San Francisco do Citigroup. Nos últimos 12 meses, os estoques monitorados pela Bolsa de Metais de Londres caíram 27%, para 61.475 toneladas. A tendência é que os preços continuem em alta, de acordo com Mello. Segundo ele, um crescimento anual de 5% na China será o suficiente para manter os preços em níveis elevados. A maior baixa do cobre foi registrada em novembro de 2001, quando a tonelada foi cotada a menos de US$ 1,4 mil. Na ocasião, a commodity atravessava um período de baixa, com poucos investimentos em mineração e refino. Para o diretor da LME, Jeremy Goldwyn, os preços dos metais devem continuar em alta durante os próximos dois anos porque a demanda chinesa é para obras de infra-estrutura de longo prazo. "A China não está comprando apenas para a indústria, o que indica que o crescimento é sustentável", disse o executivo ao Valor durante sua visita ao Brasil na semana passada. Alguns analistas acreditam que os preços do cobre podem cair nos mercados de Londres e Nova York nesta semana, influenciados pelo adiamento das compras dos consumidores, depois de o metal ter alcançado cotação recorde. Dos 14 operadores, analistas, investidores e consumidores de cobre entrevistados pela Bloomberg entre 20 e 21 de outubro, sete prevêem queda nos preços nesta semana. Ontem, o cobre teve queda de US$ 14, fechando a US$ 3.842 na LME. No setor de níquel, os preços continuam elevados, apesar de terem abandonado seu patamar recorde. Atualmente, ele oscila por volta de US$ 12 mil a tonelada, enquanto atingiu US$ 18 mil em janeiro de 2004 e US$ 17 mil, em maio deste ano. "Os preços estão em declínio porque o encarecimento da commodity inibiu o consumo", diz Mello. Segundo ele, muitas empresas reduziram a quantidade de níquel em suas ligas ou substituíram o material por sucata, o que já está causando o aumento nos estoques. Mas essa queda nos preços não tira a atratividade dos investimentos, uma vez que o níquel ainda está muito acima da média de US$ 8 mil a tonelada, observada em anos anteriores. Ontem, ele fechou cotado a US$ 11.950 para entrega em três meses, com alta de US$ 25 na LME.