Título: Vale acelera projetos de cobre e níquel
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2005, Empresas &, p. B7

Não-ferrosos Estratégia da mineradora prevê triplicar geração de caixa nessa área, de 3,4% para 10%, até 2010

A Vale do Rio Doce deu ontem mais um passo em sua estratégia de ampliar para 10% a participação dos metais não ferrosos em sua geração de caixa até 2010. A empresa anunciou a aprovação de novo projeto de cobre, chamado 118, em Carajás (PA), com investimento de US$ 232 milhões, que entrará em operação no fim de 2008. Nesse processo de diversificação, os planos da Vale incluem alcançar em cinco anos o quinto lugar entre as maiores produtoras de níquel do mundo. "Com Canico ou sem Canico", afirmou seu presidente-executivo, Roger Agnelli, ao se referir a atual disputa pelo projeto de níquel de Onça Puma, da mineradora canadense Canico. Em níquel, a Vale está desenvolvendo o projeto Vermelho, em Carajás, a 70 km das minas de minério de ferro de Carajás e a 15 quilômetros da mina de cobre de Sossego, primeira da Vale, em operação desde 2004. A capacidade de Vermelho é de 46 mil toneladas de níquel metálico. O investimento é de US$ 1,2 bilhão e vai entrar em operação no quarto trimestre de 2008. No sul do Piauí, faz estudos de pré-viabilidade de outra jazida. Agnelli abriu ontem o pregão da Bolsa de Nova York durante o "CVRD Day". Indagado sobre a rejeição da oferta da Vale pela Canico por parte da direção da canadense, disse: "Ele está no seu papel de buscar o melhor para os investidores da Canico. Da nossa parte, achamos que o nosso preço (17,50 dólares canadenses) é o correto e nele já estão embutidas as sinergias no projeto (Onça Puma, no Pará). Estamos tranqüilos. No mercado mundial de níquel seremos grandes de qualquer jeito, com outros ou por nossos próprios projetos." O executivo disse a Vale está sempre avaliando ativos para aquisição, mas não tem pressa em comprá-los, pois desenvolve simultaneamente 47 projetos no Brasil e no exterior, o que lhe garante "retorno e crescimento bastante significativo nos próximos 10 anos". A diversificação do portfólio mineral é uma das prioridades da companhia, para se tornar uma mineradora de várias commodities, como são suas concorrentes BHP Billiton e Rio Tinto. Em 2003, não-ferrosos respondiam por 1,5% da geração de caixa da Vale e ferrosos, 77,3%. Em 2004, os não-ferrosos elevaram a participação para 3,4%; ferrosos encolheram para 70,6%. Até 2010, a relação traçada pela Vale é de 10%/60%. Estes percentuais foram revistos recentemente (eram de 15% e 55%). Mas mudou com a alta expressiva do minério de ferro em 2005. Agnelli voltou a falar que o mercado de minério continua apertado e que a Vale tem investido para supri-lo conforme necessidade de sua clientela. Ele garantiu que nos próximos três anos "a companhia baterá o recorde na produção de minério de ferro todo trimestre". Mas evitou falar sobre preços, às vésperas do início das negociações com as siderúrgicas da Ásia e da Europa. Os analistas prevêem um teto de alta de 20% e piso de 5%. Paralelamente aos investimentos em minério de ferro, a Vale leva avante projetos de não ferrosos, em uma estratégia de reduzir parte da dependência de minério de ferro. O cobre está em alta devido aos baixos estoques mundiais. A mineradora pretende desenvolver cinco minas até o final da década. Segundo o diretor-executivo da área, José Lancaster, "a Vale vai fazer esforços adicionais para desenvolver seus projetos, pois a companhia almeja produzir 650 mil toneladas ao ano de cobre (contido em concentrado e catodo) até 2011". A esta produção serão acrescidas 16 toneladas de ouro como subproduto. A mina de Sossego, com capacidade de 140 mil toneladas ao ano de cobre contido em concentrado, foi o primeiro projeto da Vale nesta área. Agora, foi aprovado o 118, que é contíguo ao Sossego e vai produzir 36 mil toneladas ao ano de cátodo de cobre. Roger Agnelli chamou a atenção para o fato de o projeto 118 utilizar a infra-estrutura do projeto Sossego, o que vai permitindo uma sinergia operacional desses projetos. Na avaliação de analistas esta sinergia reduz em muito o custo do minério. Além de Sossego e 118, a mineradora brasileira vai prosseguir tocando os projetos de Cristalino, Corpo Alemão e Salobo - todos na região de Carajás -, que complementam o portfólio de cobre da companhia. Sossego, Cristalino e Corpo Alemão vão produzir concentrado e o 118 e Salobo, catodo.