Título: Crescem suspeitas sobre falhas na vacinação
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2005, Agronegócios, p. B12

O resultado dos testes feitos em animais nos focos de febre aftosa do Mato Grosso do Sul ampliou as suspeitas de que houve falha na vacinação do rebanho das fazendas atingidas, embora os seus proprietários tenham comprovado junto ao governo que a imunização foi feita. Fontes ligadas ao governo federal e à iniciativa privada disseram que os sintomas dos animais e a disseminação do vírus no rebanho indicam que ou o gado não foi vacinado, ou a vacinação foi realizada de maneira incorreta. Francisco Jardim, superintendente federal do Ministério em São Paulo, observou que o laudo divulgado pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) indicavam que o subtipo do vírus sofreu variações entre os animais infectados, "o que significa que o vírus foi passado de animal para animal e ficou bastante tempo na região". Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, disse que a suspeita de focos no Paraná eleva a preocupação sobre o risco de novos embargos. "Aumentam em muito os riscos de suspensão de carne bovina e suína, sobretudo no Sul do país. Por isso reitero a ação muito rigorosa, transparente e imediata dos poderes públicos para que esse processo de embargo seja o mais rapidamente possível retirado", afirmou durante o seminário "Rastreabilidade de Alimentos: Segurança, Qualidade e Competitividade", promovido ontem pelo Valor na capital paulista. Rodrigues disse que a missão da UE, que visitou frigoríficos brasileiros em agosto, adiou a divulgação de seu relatório ao Brasil por conta do surto de aftosa e "pode fazer exigências mais rigorosas". Ele disse que a missão que esteve na Europa semana passada notou preocupação sobre o problema. Rodrigues disse ainda que já foram enviadas missões à França, Argentina, Rússia, UE e nesta semana está prevista visita aos EUA. "Vamos organizar um projeto amplo de missões técnicas e comerciais para avançar nessa história." Rodrigues descartou a possibilidade de aftosa em São Paulo, tendo em vista que "os animais foram vistoriados e não há hipótese de aftosa porque o período de incubação já teria vencido". Para Antônio Camardelli, diretor-executivo da Abiec (reúne exportadores de carne bovina), "bom seria não ter notícia de contato de gado do Mato Grosso do Sul com São Paulo" porque reduz as chances retirar os embargos a São Paulo. Ele defendeu a antecipação da vacinação em Estados vizinhos e em Santa Catarina, se for confirmada a doença no Paraná. O ministro Rodrigues afirmou que dos R$ 169 milhões previstos para a defesa sanitária, foram descontingenciados R$ 91 milhões, dos quais R$ 55 milhões já foram empenhados. Para 2006, foi enviado à Casa Civil pedido de R$ 140 milhões para defesa sanitária.(CB)