Título: São Paulo nega boatos e anuncia controle rigoroso
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2005, Agronegócios, p. B12

O secretário de Agricultura de São Paulo, Duarte Nogueira, negou ontem os boatos que circularam no mercado de que havia suspeitas de gado paulista com febre aftosa. "Não temos registros de casos de animais que apresentem sintomas da doença", garantiu ele ao Valor. As suspeitas recaíram sobre animais que participaram da feira agropecuária Expozebu, em Londrina (PR), e voltaram para a região de São Carlos. A fiscalização de defesa agropecuária do Estado isolou os animais que vieram do Paraná neste mês - um total de 806 bovinos, 793 suínos, 39 ovinos e 20 caprinos. Nogueira disse que a equipe de fiscalização sanitária do Estado pegou todos os dados sobre o trânsito desses animais e fez uma avaliação sobre os possíveis sintomas da doença. "Mesmo sem a constatação da doença, as fazendas ficam interditadas", afirmou. O Estado fechou a fronteira com o Mato Grosso do Sul depois da descoberta do primeiro foco no Estado dia 10; com as suspeitas em análise no Paraná, as fronteiras com o Estado também foram fechadas, o que em alguns pontos gerou filas de caminhões com produtos como leite em pó e outros. O governo paulista definiu, ainda, os corredores sanitários para trânsito de produtos. Em portaria que será publicada hoje, o governo informa a criação de quatro corredores sanitários rodoviários com acesso ao Paraná para o trânsito de alimentos - rodovias SP 425 (município de Itororó do Paranapanema), SP 258 (Itararé), BR 116 (Barra do Turvo) e BR 153 (Ourinhos). A entrada de produtos como carne com ossos e animais vivos, leite in natura sem pasteurização e esterilização foi proibida. Também foram proibidos vegetais e seus subprodutos das regiões de Loanda, Amaporã, Grandes Rios e Maringá e de regiões já declaradas com aftosa. Duarte Nogueira disse que o governo também estuda antecipar a vacinação, programada para o dia 1º de novembro, para a partir de quinta-feira, mas isso ainda depende de avaliação técnica. Nogueira também considera a suspensão temporária de rodeios e leilões agropecuários no Estado. Minas Gerais também impôs barreira ao trânsito e entrada de animais do Paraná. O secretário de Agricultura do Estado, Silas Brasileiro, reúne-se hoje para discutir as estratégias que serão adotadas diante dos focos no país. As especulações sobre as suspeitas de aftosa no Estado deixaram o mercado apreensivo ontem. José Vicente Ferraz, do Instituto FNP, informou que a comercialização de gado bovino está praticamente parada no Paraná e poucos negócios foram fechados no Mato Grosso do Sul - onde os criadores temem o abate generalizado de bovinos - e São Paulo ontem. A arroba do boi no mercado paulista saiu ontem por R$ 57, com queda de 1,7% sobre sexta-feira. A baixa, segundo Ferraz, ainda não reflete os boatos no Estado, mas as suspeitas de casos de aftosa no Paraná e os casos concretos no Mato Grosso do Sul. Em Mato Grosso do Sul, a arroba está cotada entre R$ 47 e R$ 48. No Paraná, a tendência é de que os frigoríficos fechem unidades para férias coletivas. (Colaborou Ivana Moreira, de Belo Horizonte)