Título: Appy critica estudo que coloca país em 119º lugar entre os mais atrativos para negócios
Autor: Francisco Góes, Chico Santos e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2005, Brasil, p. A4

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, criticou ontem, em palestra na conferência da OCDE que está sendo realizada no Rio até amanhã, o documento do Banco Mundial "Fazendo Negócios em 2006 - Criando Empregos" que coloca o Brasil em 119º ª lugar em um ranking de 155 países no aspecto de ambiente atrativo para os negócios privados. "É muito perigoso quando você faz uma agregação que coloca com o mesmo peso o tempo para abertura de uma firma e a qualidade na segurança jurídica sobre contratos", disse. O ranking, que foi mais uma vez citado ontem em palestra por Michael Klein, vice-presidente e economista-chefe da International Finance Corporation (IFC), o braço do Banco Mundial para financiar o setor privado (ele já havia citado em São Paulo), leva em conta aspectos como tempo para fechamento e abertura de empresas, legislação tributária, registro de propriedade e outros aspectos. "Quando se faz um check-up, um dos aspectos que se mede é o nível do colesterol. Estamos medindo o colesterol burocrático que está entupindo as veias dos negócios", disse. Para Appy, que falou no fim da sessão da conferência na qual Klein também fez sua palestra, ainda há muito a ser feito no Brasil na busca do objetivo de melhorar o ambiente de negócios, mas muita coisa já foi feita também. Ele citou, entre outras medidas, a nova Lei de Falência, que deu mais segurança aos credores, medidas de estímulo à poupança de longo prazo e o esforço para desonerar a produção de bens de capital. Mas a crítica ao papel do Estado no contexto dos investimentos, uma das tônicas do dia de ontem na conferência da OCDE, juntamente com os elogios ao esforço de ajuste macroeconômico brasileiro, teve também voz nacional. O economista Carlos Geraldo Langoni, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central, disse que no Brasil existe uma dualidade entre um setor público obsoleto e um setor privado "extremamente dinâmico". Essa dualidade, segundo ele, é uma das explicações para o fato de o Brasil estar mal colocado no ranking da competitividade e ao mesmo tempo ser um dos principais destinos dos investimentos estrangeiros no mundo. (CS e FG)