Título: CPI dos Correios convoca ex-presidente da Brasil Telecom
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2005, Política, p. A8

A CPI Mista dos Correios aprovou na manhã de ontem a convocação da ex-presidente da BrasilTelecom (BrT), Carla Cicco, para prestar depoimento. A executiva teria assinado contratos com as agências de publicidade de Marcos Valério de Souza, a SMP&B e a DNA Propaganda. A comissão suspeita da participação de Daniel Dantas, dono do banco Opportunity e padrinho de Cicco, e da executiva no financiamento do suposto esquema de pagamento de mensalão pelo governo a deputados da base. Cicco deixou o comando da Brasil Telecom depois de o Opportunity ter sido destituído da gestão da participação do Citigroup no capital da empresa. Os contratos das agências com a SMP&B e a DNA renderam R$ 187,5 mil mensais de abril a julho deste ano, dinheiro que pode ter sido utilizado no esquema de Valério. Em 2003, foram R$ 850 mil para a DNA e, em 2004, R$ 3,5 milhões para a SMP&B. Os contratos das agências foram rompidos quando do início da crise política, em julho. A convocação de Carla Cicco foi aprovada em reunião administrativa e não há data definida para ela falar à CPI. Na mesma reunião, os deputados aprovaram outros 94 requerimentos, dentre os quais, a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão e 30 corretoras de valores. A Funcef (Caixa Econômica Federal), a Petros (Petrobras), a Geap (Fundação de Seguridade Social), a Real Grandeza (Furnas), a Centros (Banco Central), a Eletros (Eletrobrás), a Serpros (Serpro), a Postalis (Correios), a Portus (da antiga Portobrás), a Previ (Banco do Brasil), a Sistel (trabalhadores em telecomunicações), a Nucleos (Eletronuclear), a Refer (ferroviários) e a Prece (Cedae) tiveram seus sigilos quebrados. Os fundos já tinham tido suas quebras de informações secretas quebradas, mas apenas aquilo que se referia às aplicações em papéis dos bancos Rural e BMG. A pedido do sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), a CPI ampliou o número de informações a serem repassadas a todos os investimentos feitos em instituições financeiras do país. A Comissão vai investigar cerca de 14 modalidades de investimento. Também tiveram suas quebras de sigilo decretadas algumas empresas ligadas às investigações sobre as denúncias de corrupção no do Instituto de Resseguros do Brasil, onde suspeita-se de desvio de verbas por parte do PTB. Uma sub-relatoria da CPI investiga exclusivamente esse caso. (TVJ)