Título: Cemig negocia com Andrade e GP para disputar a Light
Autor: Cláudia Schüffner e Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2005, Empresas &, p. B8

Energia

A Cemig está negociando parcerias em duas frentes - com o grupo Andrade Gutierrez e com a GP Investimentos - para disputar a aquisição da distribuidora de energia Light. A intenção da estatal mineira é adquirir uma participação minoritária na distribuidora fluminense, mas com direito a fazer parte do bloco de controle. Em reunião do conselho de administração da Cemig, realizada na sexta-feira passada, foi aprovada a contratação do banco Itaú BBA para assessorar a avaliação tanto da Light como da térmica Norte Fluminense. A térmica é um dos ativos que poderão ser vendidos pela controladora da Light, a Eletricité de France (EDF). A direção da Cemig foi procurada para comentar a informação, mas não retornou os telefonemas. O Valor apurou que cerca de 15 grupos foram convidados a participar do processo de compra de uma fatia do capital da Light, embora o desenho da operação ainda ainda não esteja definido. A expectativa é de que a fase de entrega de propostas se prolongará pelo mês de novembro e as negociações propriamente ditas comecem apenas em janeiro. Além da Cemig, a lista de candidatos inclui CPFL Energia, a espanhola Endesa, VBC Energia (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), Telemar, e o fundo GP (cuja área de energia é capitaneada pelo ex-presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio). Há ainda a Andrade Gutierrez. A EDF está iniciando nesta sexta o processo de abertura de seu capital na França. O governo francês pretende vender 15% da companhia de forma pulverizada. Hoje, os 140 mil funcionários no mundo, inclusive os da brasileira Light, serão informados que poderão comprar uma parte das ações financiada e com desconto de 20% . A EDF vai reservar aos empregados 15% do lote de ações que será oferecido às subsidiárias onde o grupo detém mais de 50% do capital social. O preço das ações foi avaliado pela própria EDF e seus conselheiros, em consenso com o governo francês. A venda de participação da EDF na Light está ligada ao processo de abertura do capital da companhia, a última grande estatal da França. Diminuindo a participação do governo francês na distribuidora fluminense, o peso da dívida da brasileira (de quase US$ 1,5 bilhão) será reduzido no balanço da controladora. A intenção é vender 15% da EDF em três etapas, com captação total esperada, no mínimo, em 7 bilhões de euros. Após a primeira tranche destinada aos empregados, serão oferecidos de 2% a 3% das ações a investidores institucionais que terão faixa de preço próprio no âmbito da oferta reservada a esse grupo. Em 23 de novembro haverá, em Paris, a abertura para o mercado. Para o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, qualquer que seja o comprador da Light, o Estado do Rio quer garantias de que a distribuidora ganhará um sócio estratégico que possa trazer tecnologia e que capitalize a companhia, e não apenas um investidor financeiro. Outra preocupação é com a permanência da sede e das decisões, no Rio. Por isso, o Estado quer influir na entrada do novo acionista. "A Light precisa de um sócio estratégico que incorpore valor e injete capital, não de um banco. A EDF já disse que não vai, necessariamente, vender o controle da companhia", afirmou Victer. O secretário, que tem acompanhado de perto as negociações, receberá nessa sexta-feira o vice-presidente para assuntos internacionais da EDF, o francês Bruno Lescour. Procurada, a Light informou não poder comentar o processo de busca de sócio e acrescentou que a responsável é a EDF, a qual contratou o banco Goldman Sachs.