Título: BB cumpre regra e suspende linhas de microcrédito
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2005, Finanças, p. C8

O Banco do Brasil atingiu o volume de empréstimos de microcrédito necessário para cumprir, em dezembro, as exigências do Conselho Monetário Nacional (CMN), por isso suspendeu os desembolsos nessa linha na sexta-feira passada. No total, o volume emprestado pelas instituições do conglomerado soma R$ 548 milhões, nos quais estão R$ 80 milhões repassados ao Banco Popular do Brasil (BPB). Pelo mais recente cálculo da exigibilidade, este mês o BB ainda está obrigado a recolher valores ao Banco Central. Mas, como a exigibilidade é calculada com base em uma média móvel de 12 meses, em dezembro o banco deixará de fazer recolhimentos punitivos ao BC. A legislação obriga os bancos a dirigirem 2% dos depósitos recebidos em contas correntes a empréstimos do microcrédito, com juros máximos de 2% ao mês (operações até R$ 600, para uso livre) ou 4% ao mês (financiamentos de operações produtivas, contratadas por meio de agentes de crédito). Quando descumprem essa exigência do CMN, os bancos são obrigados a recolher os valores aplicados a menos no BB, sem receber remuneração alguma. "O grande desafio para o BB foi chegar, a baixo custo, a esse público que deve ser atendido pelo microcrédito", diz Paulo Bonzanini. A solução, afirma, foi selecionar um total de 6 milhões de pessoas na base de clientes do BB que atendem aos critérios de renda e movimentação financeira para ter acesso à linha de microcrédito. Em seguida, o banco passou a oferecer ativamente o empréstimo, batizado de BB Crédito Pronto, por meio dos seus 40 mil terminais de auto-atendimento. O resultado, segundo dados do BB, foi um total de 1,87 milhão de operações, com um valor médio de R$ 440. "Uma parcela importante das pessoas que usaram essa linha nunca havia tomado empréstimos", afirma Denilson Molina, gerente-executivo de empréstimos e financiamentos do BB. O fato de o BB ter emprestado o suficiente para cumprir as exigibilidades do CMN, diz Molina, não quer dizer que a carteira esteja fechada. Serão contratadas novas operações para substituir as atuais, na medida em que forem vencendo. A prioridade, porém, passa a ser a concessão de microcrédito produtivo orientado. Neste segmento, o BB não irá operar diretamente - o plano é fazer repasses para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), que são especializadas na área.