Título: Mercado de embalagens já retoma bons níveis de 2002
Autor: Yan Boechat
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2005, Valor Especial / INDÚSTRIA DO PLÁSTICO, p. F4

Segmentos FGV aponta até agosto crescimento de 4,73% sobre 2004

Depois de dois anos de resultados nada animadores, a indústria da embalagem plástica comemora a perspectiva de recuperação no volume de vendas e no faturamento em 2005. Para a maior parte das empresas do setor, os números ainda ficam aquém das expectativas geradas pelo bom crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2004, mas devem garantir o retorno aos patamares de 2002, último ano em que a indústria registrou bons resultados. "O primeiro semestre foi muito bom, mas, neste segundo, está havendo uma leve retração, o que não deve impedir que recuperemos as perdas de 2004", diz Fábio Mestriner, presidente da Associação Brasileira de Embalagem. Um estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas mostrou que até agosto o setor tinha crescido 4,73% em relação ao mesmo período de 2004. Mestriner estima um crescimento em torno de 5% nos resultados em 2005. Com o crescimento intrinsecamente atrelado à expansão do PIB, o setor de embalagens como um todo sofreu um baque em 2003 por conta do desempenho pífio da economia brasileira. Não chegou a retrair-se, mas a expansão foi quase nula, interrompendo um longo período de bons resultados. Quando tudo parecia caminhar para a normalidade vieram as altas recordes do petróleo que, mais uma vez, atingiram em cheio a indústria plástica, em especial a de embalagens. "Conseguimos absorver muito das altas nos preços das resinas, mas nossas margens foram achatadas a um ponto insuportável", conta Sérgio Agelucci, diretor comercial das Embalagens Diadema, uma das três maiores do país no segmento de embalagens plásticas flexíveis. "Definitivamente não foram anos bons para o setor", afirma o diretor. Apesar dos repetidos aumentos do petróleo no mercado internacional, 2005 está permitindo às empresas recuperarem muito do que foi perdido. A oferta de resina no mercado externo e também no mercado interno cresceu e o PIB, apesar de alguns tropeços, mantém uma rota ascendente. "Se você olha os quatro principais fatores que influenciam esse setor - mercado interno, exportações de produtos industrializados, desempenho do agronegócio e as exportações de embalagens vazias - estamos com uma média boa, apesar de que esperávamos um ano melhor", diz Mestriner. Apesar de a agroindústria não registrar o mesmo desempenho dos anos anteriores, o consumo está crescendo e as exportações de embalagens vazias também estão sendo ampliadas. Só em 2004 o Brasil exportou mais de US$ 85 milhões em embalagens plásticas e a estimativa é de que esse valor cresça 5% esse ano. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, as embalagens plásticas já representam 32% de todo o mercado de embalagens no Brasil, perdendo apenas para aquelas feitas com materiais à base de celulose (papéis, cartão e papelão). E com a entrada de novos fornecedores de resinas, como a Braskem e a Rio Polímeros, a expectativa é de que essa participação cresça ainda mais, principalmente por conta da migração natural de alguns materiais para o plástico. "No nosso setor, o de embalagens rígidas, como caixas para bebidas e para a agroindústria, 80% do material utilizado ainda é madeira, temos muito que crescer", afirma Álvaro Barros, diretor comercial da Zanlin, uma fabricante de caixas plásticas que recentemente foi adquirida por um braço do Grupo Belgo-Mineira. Só esse ano a Zanlin deve expandir sua produção em 15%. Situação semelhante vive o setor de resinas pet. Relativamente nova no Brasil, a indústria pet vem se mantendo intocada por crises econômicas, sejam as daqui, sejam as externas. Nos últimos anos as empresas do setor vêm registrando um crescimento médio de 10% na produção, o que deve se repetir esse ano. "O setor está conseguindo buscar novos mercados e permanece ampliando sua participação", diz Hermes Contesini, coordenador de comunicação da Associação Brasileira da Indústria do Pet. Esse ano a produção deve chegar próximo das 390 mil toneladas. Em 2004 a produção atingiu as 360 mil toneladas. Tradicionalmente ligadas à indústria de refrigerantes e de água mineral, as embalagens pet estão conquistando mercados que até pouco tempo pareciam sonhos distantes. No ano passado um número crescente de fabricantes de cosméticos, principalmente, e também da indústria de alimentos passou a utilizar a resina pet em suas embalagens, o que impulsionou ainda mais esse setor. "Essa migração é importante porque o crescimento no setor de bebidas é quase vegetativo hoje, afirma Contesini". A australiana Amcor, maior produtora de embalagens pet do país, é uma das que estão se aproveitando dessa tendência. Hoje a empresa também atende fabricantes de óleos comestíveis, produtos de higiene e limpeza e alimentos. "Além disso, também está havendo uma multiplicação de formatos de embalagens no setor de bebidas, nosso principal mercado", afirma Ricardo Vaz, diretor comercial para o Brasil da Amcor. Esse ano a empresa deve registrar um crescimento de 8% em relação a 2004. Mesmo empresas que atuam em um mercado tradicional, como a Sinimplast, que fabrica embalagens à base resina de polietileno de alta densidade, estão comemorando os resultados desse ano. "O mercado está aquecido e finalmente conseguiremos voltar ao patamar de 2005", afirma Alberto Diego, superintendente da Sinimplast. "Mas se os juros continuarem a cair e a economia mantiver o crescimento, em 2006 poderemos comemorar um crescimento real do setor".